São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Palmeiras e Corinthians duelam pelo século 21

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Mais do que a tradicional, esta tarde, entra em campo uma nova rivalidade entre Corinthians e Palmeiras: a de quem chegará primeiro ao século 21, no processo de modernização gerencial, em que ambos são pioneiros.
O Palmeiras saiu na frente, ao associar-se à Parmalat; o Corinthians, impulsionado pelo suporte financeiro do banco Excel, tenta tirar a diferença.
Acontece que o Palmeiras, desde o início, acertou a parceria em moldes mais racionais e funcionais, certamente por força do know-how da multinacional, que já tocava o Parma da Itália há muito tempo.
Assim, montou-se uma co-gestão real, com um representante de escol da patrocionadora -José Carlos Brunoro, profissional da área esportiva, competente, remunerado pela empresa italiana- sentado na mesa de decisões ao lado dos dirigentes do clube.
Já no outro Parque, nem clube nem patrocinador tinham qualquer experiência sutil no intrincado jogo. Se, no Palmeiras, a negociação foi direta entre a presidência do clube (Facchina) e a multinacional, no Corinthians, houve a intermediação do GAP, um grupo de corintianos de elite que, por paixão, resolveram dar uma injeção de dinheiro no clube. Como são expoentes no mercado de capital, elaboraram um projeto comercial e seduziram o banco Excel, que entrou de cabeça no negócio, financiando contratações milionárias.
Resumindo: o banco dá ao clube as celebridades e fatura a imagem de um time milionário e vencedor, em forma de publicidade. Mas, e o meio-campo, quem faz? Quem vai administrar o dia-a-dia de uma mudança tão radical? Formou-se um vácuo aí, onde se produziu o caos dos últimos dias. É assessor do banco daqui dando, publicamente, prazos finais para Nelsinho botar ordem no time; é o técnico chiando dali, enfim, uma zorra, que se refletiu dentro das quatro linhas na nervosa derrota de quinta-feira diante do modestíssimo Rio Branco.
Em meio ao tiroteio, na sexta, levantou-se uma bandeira branca e acendeu-se uma luz: já estaria pronto um esquema profissional, feito por alguém do ramo -o professor de educação física e ex-técnico José Teixeira, contratado para ser o diretor-executivo remunerado. Já não era sem tempo.
*
Baixando a bola para o presente real, o que temos e o que se pode esperar do clássico desta tarde, em Prudente?
Um Corinthians com os nervos à flor da pele contra um Palmeiras sereno, dentro do esquema legado por Luxemburgo e que Márcio Araújo teve de readotar, depois da turbulência inicial criada por ele mesmo, quando chegou ao paroxismo de tentar provar que Viola e Luizão não podiam jogar juntos. Diante do fracasso, voltou atrás, e o Palmeiras regressou aos trilhos que há tempos o conduzem à vitória.
Se é o suficiente para assegurar o triunfo verde? Nem pensar. Vai é ser um jogo de vida ou morte, ao cabo do qual ninguém sairá de campo mais ferido do que quando entrou.
Os dois, completos, se equivalem. Ao Corinthians falta o entrosamento que sobra no Palmeiras. Mas ganha no banco de reservas. O tira-teima, mesmo, vai ser lá na frente.

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