São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Qual o principal pecado da imprensa hoje?

MILTON DOS SANTOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Frente à tirania do mercado, a imprensa tornou-se uma indústria frágil, impedida, exceto de forma residual e intermitente, de corresponder cabalmente ao seu papel histórico de ajudar a formar uma opinião pública independente.
Em sua dimensão global, o mercado controla uma produção oligopolística de notícias por meio das agências internacionais e nos apresenta o mundo atual como uma fábula. Em suas dimensões nacional e local, o mercado, agindo como mídia, segmenta a sociedade civil, influi sobre o fluxo e a hierarquia do noticiário e aconselha a espetacularização televisiva de certos temas, confundindo os espíritos em nome de uma estratégia de vendas adotada pelos jornais como forma de sobrevivência. O remédio, aqui, é um veneno, num círculo vicioso que acaba por ser o seu principal pecado. Estará a imprensa pecando em nome próprio ou em nome e em favor do mercado? O resultado é o mesmo.
O grave problema é geral e profundo. Como a questão é estrutural -um dado de nosso tempo: certos países europeus, em favor da preservação da opinião pública, adotaram medidas compensatórias para reduzir a vulnerabilidade de imprensa independente, frente ao império da publicidade. Mas esse tema -como outros ligados à cidadania- tem sido pobremente abordado no Brasil

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