São Paulo, domingo, 9 de março de 1997 |
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Leitor aponta posição ideológica como o maior defeito da imprensa
MARIO CESAR CARVALHO
Segundo pesquisa Datafolha, 61% desses leitores apontam o viés ideológico como o maior defeito dos jornais (veja quadro abaixo). O ataque à ideologia cresce com a escolaridade do leitor. O contingente de críticos é de 28% entre os que fizeram até o 1º grau, sobe para 57% no caso dos que têm 2º grau e atinge 65% entre os que completaram o curso superior. Falta de profundidade (28%) e sensacionalismo (24%) vêm em seguida na lista de problemas. A má qualidade dos textos é o menor dos males dos jornais, segundo esses leitores. Só 8% dos entrevistados incluíram essa queixa. A pesquisa foi feita em São Paulo, Rio e Brasília, com 626 pessoas com idade a partir de 18 anos. Só um quinto dos leitores de mais de dois jornais procura um volume maior de notícias. A maioria (54%) quer comparar abordagens, confrontar linhas editoriais. A busca por diversidade de assuntos aparece como segunda razão para a leitura de dois jornais. Sem ingenuidade Não há ingenuidade entre os leitores que buscam mais de uma fonte de informação. Ao enumerar as razões pelas quais um assunto raramente é encontrado nos jornais, os entrevistados citam a falta de interesse do leitor (11%), a suposição de que não dariam retorno financeiro (10%) e a cumplicidade do jornal ou a influência do governo para esconder a questão (6%). Entre os assuntos sobre os quais os jornais seriam omissos aparecem empatados cultura, área social, esportes e economia, com 5%. A maioria desses leitores, no entanto, acredita que não falta nada aos quatro maiores jornais brasileiros. Pensam assim 51%. Cultura é o tema que os leitores dizem se interessar em primeiro lugar. Com 29%, supera economia (25%), política (19%), assuntos urbanos (13%), esportes e notícias internacionais (ambos com 6%). A prática, porém, é um pouco diferente do discurso. O primeiro tema que os leitores de mais de dois jornais buscam é economia (59%). Vêm em seguida cultura (51%), política (50%), esportes (30%), assuntos urbanos (28%) e notícias internacionais (22%). Entre as mulheres (63%), os mais jovens (62%) e os que ganham mais de 50 salários mínimos (57%), cultura supera economia como o tema que busca ler em primeiro lugar. O mais alto percentual dos que lêem economia em primeiro lugar ocorre justamente na base da pirâmide econômica, entre os entrevistados cuja renda familiar vai até 10 salários mínimos. A maioria absoluta (80%), porém, não está à procura de um assunto específico. Só um quinto dos leitores age assim. A leitura da Folha com "O Estado de S. Paulo" é a combinação mais comum -51% dos entrevistados dizem ler esses dois jornais. Em São Paulo, o percentual salta para 93%. No Rio, domina a mistura de "O Globo" e "Jornal do Brasil" (76%). Texto Anterior: FHC analisa imprensa do país Próximo Texto: Entenda a pesquisa Índice |
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