São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Qual o principal pecado da imprensa hoje?

MARTA SUPLICY

O maior pecado da imprensa é o "oficialismo". O poder que emana de Brasília pauta os jornais. E não é poder de deputados ou da Câmara. É a "agenda" do que o governo quer pautar. Já participei de dezenas de audiências públicas nas quais foram discutidos assuntos super-relevantes, de grande interesse público, com jornalistas presentes, e nada, no dia seguinte, nos jornais. Por quê?
Temas ligados a interesse de grupos sociais que não representam o "poder" não têm a devida atenção. Será que os leitores percebem esta inversão de prioridades?
Há pouco jornalismo investigativo, e o que o governo fala logo é publicado sem maiores aprofundamentos, como verdade absoluta.
Resumindo, oficialismo e parcialidade da imprensa estão intimamente articulados, e isso faz com que os meios de comunicação não estejam democratizados e não garantam a pluralidade de opiniões presentes na sociedade. Este padrão de notícia que é determinado pelo poder de Brasília acaba excluindo outros fatos políticos que acontecem nos Estados, a não ser em caso de enchentes, chacinas ou violência.
As opiniões mais ousadas e críticas são de articulistas, aliás, ótimos. Tenho que dizer que, pessoalmente, não tenho do que reclamar. Os assuntos de mulher que não conseguia colocar na imprensa, como a campanha Mulheres sem Medo do Poder, conseguiu um bom espaço. Mas, sem conseguir resistir, a imprensa ainda é muito machista em relação à oportunidade e à superficialidade com que tem tratado os temas da mulher.

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