São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Novela cria 'lesbianismo cômico'

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Será que elas são lésbicas? Será que a Vieira é e a Zenilda, não?
Essas perguntas ainda vão perturbar os telespectadores de "A Indomada" (Globo, 20h35), apostam os autores Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares.
A sinopse da atual trama das oito deixa "no ar" que Zenilda (Renata Sorrah) e Sebastiana Vieira (Catarina Abdalla) podem vir a formar um casal de lésbicas -isso se já não o formam.
"Mas essa tendência não é definitiva. Por enquanto, estamos mostrando que elas são apenas grandes amigas", adverte Ricardo Linhares.
Vieira, como é chamada, é apresentada na sinopse como "dona de personalidade muito forte, que se veste de modo dúbio e que, quando dorme na casa de Zenilda, usa pijama".
A personagem, de dia, é gerente do empório de Teobaldo Faruk (José Mayer) e usa roupas masculinas. Faz a "linha dura, meio sargentona", como admite Linhares. Sargentona, no caso, é o adjetivo que se dá a lésbicas que tentam imitar os homens.
À noite, Vieira se produz e vai até a Casa de Campo, o bordel comandado por Zenilda. Aparentemente, ela é apenas a contadora -clandestina- do bordel.
Às vezes, trabalha até tarde e, como recompensa, dorme -de pijama- no quarto de Zenilda. O que acontece lá dentro? "A gente não faz a menor idéia", disfarça Linhares.
O co-autor afirma que o lesbianismo das personagens ficará implícito durante quase toda a novela. Só deverá ficar mais visível daqui a algum tempo, quando Zenilda se envolver com um personagem masculino e despertar o ciúme de Vieira.
"A gente optou por uma abordagem bem-humorada da questão, uma coisa meio dúbia, na base da comédia", diz Linhares. "Não combinava com o tom da novela uma abordagem séria, como a do Silvio de Abreu em 'A Próxima Vítima' (leia abaixo)."
Para Catarina Abdalla, a Vieira, não há dúvida de que sua personagem é do "babado", mas o público ainda não percebeu.
"Até agora, nem eu nem a Renata (Sorrah) fomos chamadas na rua de sapatonas", brinca. "Teve gente que, logo no primeiro capítulo, sacou que rola um clima entre as personagens, mas teve gente que ainda não percebeu nada."
Catarina concorda com a forma "humorada" com que a novela se propõe a conduzir a questão do lesbianismo. "São duas mulheres fortes, de fibra, que lutam contra a vilã (Altiva, Eva Wilma). E a gente não fala 'eu te amo, eu te adoro'. Nosso texto é outro", diz, torcendo para que Vieira e Zenilda fiquem juntas.

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