São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 1997
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Cientistas atacam vilões do efeito estufa

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Se em 1992 ainda havia algumas dúvidas sobe o verdadeiro papel do ser humano no aquecimento do planeta Terra, cinco anos depois os cientistas já chegaram a um consenso: existe, de fato, uma influência nítida das atividades humanas sobre o clima.
As consequências políticas disso são claras. Os países que mais contribuem para esse aquecimento, conhecido como efeito estufa, não podem mais se esconder por trás da incerteza dos dados científicos.
Resultados preliminares de pesquisas em andamento prometem também boas notícias para o papel do Brasil no clima mundial. A floresta amazônica pode ter um papel importante para reduzir o aquecimento, ao servir de "sorvedouro" para o carbono da atmosfera.
O efeito estufa é provocado pela ação de vários gases -principalmente o dióxido de carbono-, que aprisionam a radiação solar na atmosfera. O dióxido de carbono ou gás carbônico (o dos refrigerantes) é produzido na queima de florestas ou de combustível fóssil.
Discutir essas "mudanças climáticas" foi o objetivo de uma reunião internacional de pesquisadores realizada paralelamente a Rio+5 -que começou ontem (leia abaixo)-, patrocinada pela Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Ao final da reunião, amanhã, os participantes deverão produzir um documento com sugestões aos governos representados na Rio+5.
O tom político do documento já ficou claro. Vários cientistas enfatizaram que os países desenvolvidos, por serem os maiores produtores dos gases, deveriam reduzir a emissão, em vez de "comprar" o direito de poluir mais investindo na redução da poluição em países subdesenvolvidos.
O pesquisador Pedro Leite da Silva Dias, do Instituto Astronômico e Geofísico da USP, lembrou que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera passou de cerca de 280 ppm (partes por milhão) no início da era industrial para 360 ppm hoje. Isso teria causado um acréscimo de 0,2°C a 0,3°C na temperatura média do planeta nos últimos 40 anos.
O fato de algumas regiões do planeta experimentarem uma diminuição na temperatura média era usado como argumento por quem não queria reduzir as emissões. "Os novos modelos de simulação do clima explicam isso", disse Pedro Dias. Foi possível perceber que o aquecimento muda o comportamento de correntes marítimas.

LEIA EDITORIAL sobre a conferência Rio+5 à pág. 1-2

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