São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 1997
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Líderes comunistas participam de fuga carcerária

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 1.200 presos albaneses fugiram ontem durante os tumultos, inclusive Fatos Nano e Ramiz Alia. Eles são respectivamente o líder socialista e o último dirigente comunista do país.
Segundo testemunhas, os guardas da prisão não ofereceram resistência quando 600 presos forçaram a porta da prisão de Tirana. O ministro da Justiça, Spartak Ngjela, propôs anistiar todos os condenados (exceto os que cumprem prisão perpétua), porque não tem como garantir a segurança deles.
Outros 450 presos fugiram em Lezka e mais 150 em Kosova. Fatos Nano, 45, estava preso no sul do país e foi levado a Tirana há poucos dias, devido aos distúrbios.
Ele foi preso em 1993, acusado de desviar US$ 7 milhões de ajuda financeira enviada pela Itália. Estava condenado a 11 anos de prisão.
Ramiz Alia, de quem Nano foi premiê, foi o último líder do regime stalinista que dominou a Albânia durante mais de 40 anos.
Ele é acusado de genocídio e crimes contra a humanidade. Seu julgamento está em curso.
Segundo Betri Coko, diretor do sistema penitenciário albanês, os dois foram levados de ambulância para suas casas, por motivos de segurança. Cerca de outros 20 membros do comando do Partido do Trabalho (comunista) também deixaram a cadeia.
A rebelião carcerária foi apenas mais um dos elementos do caos na capital albanesa ontem. No começo da madrugada, tanques se deslocavam pelas principais ruas da cidade e cercaram a residência de Sali Berisha, aparentemente para protegê-la.
Houve tiroteios durante todo o dia. Pelo menos 12 pessoas morreram durante o dia na cidade.
Pelo segundo dia seguido, houve saques de depósitos de armas e lojas. A Escola de Formação da Polícia foi ocupada pelos rebeldes.
O aeroporto de Tirana, o único com vôos civis no país, foi fechado ao tráfego e, segundo o governo britânico, também está fora de controle do governo.
A principal conquista dos amotinados ontem foi tomar o controle completo de Elbasan, cidade a sudeste de Tirana, um dos principais centros industriais do país.
Soldados abandonaram o quartel e voltavam para suas casas, desarmados, sob aplausos da multidão. Os confrontos deixaram cinco pessoas mortas na cidade.
Em Shkodër, principal localidade do norte do país, outras sete pessoas morreram. Desde o início dos confrontos, mais de 50 pessoas já morreram na Albânia, o país mais pobre da Europa.
Forças da Macedônia (ex-Iugoslávia) abriram fogo contra soldados albaneses que tentavam entrar no país. Segundo comunicado macedônio, eles voltaram à Albânia, deixando as armas.
A situação permanecia tensa também no sul, centro dos protestos. Guardas abandonaram postos fronteiriços junto à Grécia.
Um barco grego aportou em Sarandë com 6 toneladas de alimentos. Os rebeldes mandaram homens armados para o porto para evitar saques ao navio.

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