São Paulo, domingo, 16 de março de 1997 |
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Sessão mistura reza com dança do tchan
DA AGÊNCIA FOLHA EM FORTALEZA As sessões de terapia coletiva realizadas no Centro de Valorização da Vida Herbert de Sousa, no parque Santo Amaro (Fortaleza, CE), consistem em rituais nos quais os pacientes rezam, cantam e até imitam a baiana Carla Perez, da dança do tchan.Ana Paula Fernandes Viana, 33, terapeuta responsável pelo grupo de 40 pessoas que costuma se reunir em Santo Amaro, diz que sempre começa a sessão pedindo para que as pessoas falem de um "problema interior". Viana tenta conduzir de forma que cada paciente procure desabafar suas angústias e escute outras opiniões sobre aquela questão. "Eu e a terapeuta que me ajuda procuramos interferir o mínimo." A terapeuta conta que procura intercalar momentos de desabafo com rituais que incentivem o espírito coletivo dos pacientes e aumentem sua auto-estima. "Pode ser uma oração pedindo bênção para um paciente ou uma música que eleve o astral da turma. Outro dia, uma paciente pediu para dançar e deu um show imitando a Carla Perez. Deixou todo mundo leve", diz Viana. Baixa auto-estima O trabalho das terapeutas é supervisionado pelo padre Rino Bonvini, que além de pároco do bairro é psiquiatra formado pela Universidade de Milão, na Itália. Bonvini diz que as terapeutas fazem um "trabalho brilhante" no combate ao estresse e depressão dos seus pacientes. Segundo Viana, 90% de seus pacientes são mulheres que sofrem com o abandono dos maridos, o desemprego ou a violência doméstica. Têm baixa auto-estima e encontram na terapia "um canal de expressão". A contabilista Sueli M., 37, diz que resolveu procurar as terapias de passar um mês sem sair de casa. "Eu tinha vergonha de mim e da vida que levava." Mãe de duas filhas, Sueli tem um marido alcoólatra que costumava bater nela e nas filhas. Ela conta que a sua dor é maior porque já teve uma vida estruturada em São Paulo. "Meu marido foi operário da Ford por nove anos e tínhamos uma vida saudável. Em 1989 viemos para o Ceará, ele não conseguiu emprego e se entregou ao álcool. A vida virou um inferno." Texto Anterior: Leigos vão 'ao vivo' a comunidades de pobres Próximo Texto: Programa cuida de paciente em casa e libera vaga de hospital Índice |
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