São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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FHC vincula gasto com saúde à arrecadação

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso anuncia hoje o plano de metas para a saúde nos próximos dois anos. Uma das maiores novidades é a proposta de vincular parte da arrecadação da União, dos Estados e municípios a gastos com saúde.
Também será repassada a Estados e municípios uma série de atribuições hoje executadas pelo governo federal, como a compra de medicamentos e os programas de redução da mortalidade infantil e materna.
A vinculação orçamentária vai garantir uma fonte fixa de financiamento para a saúde, depois que a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) deixar de ser cobrada, em 1998.
A falta de uma fonte fixa de arrecadação é apontada como um dos principais entraves à municipalização da gestão da saúde -outra meta que será anunciada amanhã.
Como não havia garantias de que o repasse de verbas federais seria contínuo, muitos prefeitos resistiam à proposta de assumir a responsabilidade pelo setor.
Falta de opção
A idéia de vincular o Orçamento era rechaçada pela equipe econômica do governo. Como não foi encontrada outra alternativa para garantir uma fonte fixa de arrecadação, Fazenda e Planejamento tiveram de aceitar a proposta.
Durante toda a semana, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Barjas Negri, esteve reunido com os ministros Pedro Malan (Fazenda) e Clóvis Carvalho (Casa Civil) para acertar os detalhes da proposta, que deverá ser apresentada hoje pelo presidente.
Ela é inspirada na PEC (proposta de emenda constitucional) 169, de autoria do deputado Eduardo Jorge (PT-SP), que está tramitando no Congresso desde 1993.
A PEC 169 propõe que 30% dos recursos da seguridade social e 10% de tudo o que for arrecadado pela União, pelos Estados e municípios sejam destinados à saúde.
Malan, Carvalho e Barjas Negri ficaram reunidos durante a madrugada de ontem para definir as mudanças que o governo exigirá para apoiar a PEC 169. Entre elas está a alteração nos percentuais estabelecidos de contribuição federal, estadual e municipal.
"O governo federal arca hoje com 70% do gasto público com saúde. Os Estados precisam gastar mais e alguns municípios também", disse Barjas.
Em 1995, o governo federal destinou R$ 15,3 bilhões para a saúde e, no ano passado, R$ 14,1 bilhões. Em 97, o orçamento previsto é de R$ 20,3 bilhões. O gasto federal per capita com saúde caiu de US$ 98,53 em 95 para US$ 89,8 em 96.
FHC também deverá anunciar como meta o gasto mínimo com saúde per capita de US$ 100.

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