São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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Eco-92 incentivou nascimento de entidades

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma detalhada lista de organizações ambientalistas brasileiras, publicada agora por ocasião da Rio+5, revela que a "Rio menos 5" (a Eco-92) foi a causadora de uma expansão notável delas no país, que incluiu uma profissionalização crescente.
Esse efeito multiplicador no ambientalismo brasileiro da realização da conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente no Rio de Janeiro em 1992 é observável pelos resultados dessa compilação, a Ecolista.
Descobriu-se o que já era suspeitável -entre outras coisas que, das 985 instituições ambientalistas que responderam ao questionário (260 governamentais e 725 não-governamentais), apenas 39,2% têm mais de dez anos de existência.
O projeto da Ecolista foi patrocinado pelo FNMA (Fundo Nacional do Meio Ambiente, do Ministério do Meio Ambiente) e Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Os realizadores são duas ONGs (organizações não-governamentais), o WWF (Fundo Mundial para a Natureza), sediado em Brasília, e o Mater Natura, de Curitiba.
A profissionalização crescente se nota no aspecto do financiamento. Das entidades, 28,8% não responderam a esse item do questionário. Mas foi possível ver que 15,3% delas têm verba anual de R$ 101 mil a R$ 500 mil, e 3,9% passam de R$ 500 mil.
Apesar do crescente apoio dado por empresas ao ambientalismo (14,8% recebem financiamento de empresas), os dados da lista permitem ver, por exemplo, que 173 ONGs recebem de 75% a 100% de sua receita de contribuição de sócios.
No outro extremo, há 12 ONGs que não mereceriam o nome "não-governamental", pois recebem de 75% a 100% de sua receita dos governos federal, estadual ou municipal.
Os pesquisadores calculam em R$ 84 milhões a verba anual das ONGs (em valores de 1994). Uma versão anterior da lista tinha sido feita pela Mater Natura em 1992, com 1.533 ONGs cadastradas.
"A redução não significa que o número de ONGs diminuiu, mas apenas que pela primeira vez é possível ter uma estimativa mais confiável do número de ONGs ambientalistas no Brasil", dizem os autores da lista. Foram mandados 1.970 questionários, e houve cerca de metade de respostas.
A lista revela um grande número de entidades com atuação apenas local. "O problema ambientalista não é resolvido só com grandes políticas em Brasília", diz Paulo Pizzi, presidente da Mater Natura.
Fauna e flora podem ser a área de atuação mais citada (67,6%), mas há 49,4% de ONGs que se preocupam com o meio ambiente urbano. A maioria atua em educação ambiental (81,5%) e projetos em comunidades locais (56,3%).
A Ecolista tem 350 páginas e inclui uma versão em disquete (para PC e Windows). Ela está sendo enviada gratuitamente para quem respondeu e também está à venda pela WWF (tel. 061/248-2899) e Mater Natura (telefone 041/323-1268), por R$ 35.

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