São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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CPI vê ligação de oficial da PM com desmanche

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A CPI do crime organizado da Assembléia Legislativa de São Paulo aponta o suposto envolvimento de um capitão da Tropa de Choque da Polícia Militar com um desmanche em Guarulhos (Grande SP), que seria especializado no comércio de peças de caminhões roubados.
Segundo o relator da CPI, deputado Elói Pietá (PT), PMs encontraram um caminhão Scania roubado em outubro de 96 no suposto desmanche de nome Recuperadora de Cabines e Peças Scan-Dutra, próximo à rodovia Dutra.
No dia seguinte, por volta das 6h30, segundo os PMs que encontraram o caminhão, teria aparecido no desmanche o capitão Cleodir Fioravante Nardo, do 2º Batalhão de Choque, à paisana.
A CPI, que recebeu essa denúncia, conseguiu mandado de busca e apreensão e visitou a empresa Scan-Dutra no dia 31 de outubro.
"Encontramos oito caixas de câmbio de caminhões Scania sem as plaquetas originais de identificação, além de outras peças adulteradas. Não foram localizadas notas fiscais da origem das mercadorias vendidas", disse Pietá.
Nos livros de contabilidade da empresa, segundo Elói Pietá, foram encontradas referências de movimentação financeira em favor do capitão Nardo. "Nenhum outro suposto sócio do desmanche chega próximo ao capitão em relação ao número e ao volume de referências financeiras. Isso nos faz deduzir que ele seja o proprietário do estabelecimento", disse Pietá.
Foram localizados registros de cheques para o capitão de até R$ 40 mil. A Justiça concedeu a quebra do sigilo bancário do capitão. "Verificamos que ele, que ganha cerca de R$ 3.700 por mês, movimentou em 96, em média, R$ 146 mil por mês", afirmou o deputado.
Outro lado
O capitão Cleodir Nardo disse que não é sócio ou proprietário da Recuperadora Scan-Dutra.
"Eu tenho um relacionamento profissional com essa empresa, assim como o tenho com outras 14. Eu compro cheques pré-datados dessas empresas", disse o capitão, que acrescentou que irá processar o deputado Elói Pietá.
Ele afirmou que faz a seguinte operação com o desmanche: troca os cheques pré-datados que a empresa recebe por cheques seus do mesmo valor. Para cada cheque trocado ganha juros.
"É um negócio lícito. Eu ganho juros e a empresa tem condições de descontar o cheque no mesmo dia", afirmou Nardo, que será convocado para prestar depoimento à CPI.

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