São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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Agora, Puzo mostra máfia do cinema

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos romances do norte-americano Mario Puzo, os homens sempre vestem negro, ensinam o respeito à tradição e amam suas famílias. No intervalo entre uma coisa e outra, mandam matar os irmãos ou metralhar um padre.
Puzo, 76 anos, é o autor do romance "O Poderoso Chefão" -um best seller que já vendeu 21 milhões de exemplares no mundo. Depois de uma ausência de seis anos, ele retorna com "O Último Chefão", que a editora Record lança na próxima semana no Brasil.
O livro conta a trajetória de Domenico Clericuzio, um mafioso que investe seu futuro no jogo legalizado de Las Vegas e em Hollywood, que, de certa maneira, representa, para ele, também uma aposta.
Na última terça-feira, Puzo falou à Folha, por telefone, de sua casa no Estado de Nova York. Leia abaixo trechos da entrevista.
*
Folha - "O Último Chefão" significa também uma despedida da máfia como um tema predominante?
Mario Puzo - Não necessariamente. "O Último Chefão" é sobre a máfia como ela atua hoje...Mas isso não significa que eu não voltarei a escrever sobre o assunto outra vez. Na verdade eu comecei a escrever um livro sobre Hollywood e então, repentinamente, a máfia surgiu.
Eu queria escrever sobre o mundo e os negócios do cinema. E então a máfia apareceu.
Folha - Domenico Clericuzio tenta legalizar seus negócios. Essa é a nova face da máfia?
Puzo - A tarefa agora é desaparecer na sociedade e terminar os dias como um cidadão respeitável.
Folha - Mas seus leitores parecem adorar a imagem romântica dos mafiosos. Há um caso de amor entre a América e a máfia, na atração pelos livros e filmes?
Puzo - Eu acho que isso acontece porque os EUA são uma terra de valentes, a terra dos caubóis e toda essa história que você já conhece. E também, ao longo dos anos, o país fez parte da própria história dos gângsteres. Eles se tornaram realmente muito poderosos aqui. Escrever sobre a América é escrever sobre sua história e seus interesses.
Folha - Escrever agora sobre a presença desses mesmos gângsteres em Hollywood é uma espécie de vingança, fruto de sua experiência como roteirista?
Puzo - Não, de maneira alguma. Eu me diverti muito com o trabalho no cinema. E os roteiros me deram muito dinheiro. Eu gosto das pessoas com quem trabalhei, escrevendo a saga "O Poderoso Chefão" e "Cotton Club" para Francis Ford Coppola... Na verdade a máfia foi para Hollywood pelo mesmo motivo que eu. O dinheiro estava lá.

Livro: O Último Chefão
Autor: Mario Puzo
Lançamento: Record
Quanto: R$ 28 (544 págs.)

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