São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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Israel quer antecipar acordo com palestinos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, propôs ao líder árabe Iasser Arafat a antecipação das negociações sobre o status final dos territórios palestinos ocupados.
Netanyahu quer que as discussões finais terminem dentro de seis meses. Os acordos de paz previam inicialmente que as questões principais envolvendo as relações entre israelenses e palestinos fossem concluídas no final de 1999.
Os palestinos recusaram a oferta israelense, feita em meio à crescente tensão que envolve a construção de assentamento israelense em Jerusalém oriental.
O chefe dos negociadores palestinos, Saeb Erekat, afirmou que Netanyahu busca "tirar a atenção de sobre as máquinas que constroem a colônia em Jerusalém".
A Autoridade Nacional Palestina (ANP) pretende que Jerusalém oriental seja a capital de um eventual Estado palestino.
Ontem, as obras de fundação nas colinas de Jabal Abu Ghneim (chamada Har Homa pelos judeus), iniciadas na terça, continuaram em meio à forte oposição nos planos interno e internacional.
Cerca de 50 palestinos e ativistas de direitos humanos protestaram no local das construções. Um manifestante foi "crucificado" por seus companheiros em referência à morte do processo de paz, segundo disseram. Três cruzes foram levantadas, e, em uma delas, um jovem palestino foi amarrado.
A União Européia, em declaração da Presidência da entidade, condenou os assentamentos.
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, acusou Israel de estar levando o Oriente Médio a uma era de violência. Palestinos e israelenses alertam para o risco de ocorrerem atentados e conflitos.
Os grupos terroristas árabes Jihad (Guerra Santa), Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP) e Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) anunciaram ontem que vão realizar atentados para impedir a construção dos assentamentos em Jerusalém.
"É hora de lançar todo tipo de resistência. Jerusalém é nossa", disse comunicado da Jihad divulgado em Damasco, a capital síria e base dos grupos terroristas.
Maher al Taher, porta-voz da FPLP, disse que "o confronto militar é a única linguagem que o governo de Netanyahu entende".
"Autoridades das forças de segurança de Israel acham que ataques terroristas podem ocorrer", disse Assaf Hefetz, chefe da polícia israelense.
Netanyahu afirmou em entrevista à Rádio Israel que a responsabilidade por "qualquer ato terrorista será atribuída à ANP".
Na prisão de Megiddo, em Jerusalém, nove prisioneiros palestinos e quatro soldados israelenses ficaram feridos em rebelião de ontem. Os palestinos, presos sem julgamento, incendiaram colchões depois do anúncio do aumento de sua permanência na prisão.
Em presídio de Nakhsa, sul de Israel, um princípio de rebelião foi relatado. Autoridades israelenses negaram que os incidentes tivessem qualquer relação com as novas colônias de Jerusalém.
Ontem, a Corte Suprema de Israel rechaçou pedidos de suspensão das obras em Har Homa. As demandas foram propostas por palestinos donos de terras no local, por ativistas israelenses pela paz e também pelo partido de oposição Meeretz.
Sul do Líbano
Um soldado israelense foi morto e outros três ficaram feridos, dois deles seriamente, em ataque do Hizbollah (Partido de Deus) ocorrido ontem no sul do Líbano.
Os guerrilheiros usaram foguetes, granadas e metralhadoras no ataque à patrulha do Exército israelense.

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