São Paulo, domingo, 23 de março de 1997
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Fortinho agrada mais do que 'complicado'

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O tipo delas não é um homem necessariamente lindo, nem exatamente fútil, mas tem de ser "encorpadinho e descomplicado".
"É muito difícil me ver com um cara que usa terno, tem pneu na cintura e estressa se o filme não é de arte", diz a produtora de festas carioca Valéria Braga, 25.
"Gosto dos que tem corpo definido, me acompanham nas festas e dizem muita bobagem", explica.
Valéria já encontrou sua cara metade: é o arquiteto Mário Brasil, 32, com quem se relaciona há quase três anos (entre idas e vindas).
"A gente namorou um ano direto, ficou separado três meses, voltou por mais um ano, terminou de novo e agora fica junto sempre. Ele é maravilhoso", afirma (leia texto ao lado).
"Agradável de se ver"
Para a empresária Adélia David, 35, o "mercado" masculino atravessa uma fase muito difícil. Por isso, algumas mulheres preferem uma boca fechada, num corpo bonito, a uma que fala "sempre as mesmas coisas".
"A conversa não muda. É sempre maçante, com frases de efeito, e no fim vem a cantada idiota", diz.
"Eu estou preferindo me divertir com alguém que pelo menos seja agradável de se ver."
Ela diz que, de qualquer jeito, não pode exigir muito das pessoas. "Os tempos estão caminhando na direção das histórias leves", diz.
"Não tem mais sentido acreditar em relacionamentos 'para sempre"', afirma Adélia, que foi casada durante quatro anos, até dois meses atrás, com o sócio.
Outra que trocou a tensão dos relacionamentos sérios pela "leveza" do descompromisso foi a secretária Vera Teixeira, 33.
"Fui casada por cinco anos e levava a coisa a sério", lembra. "Um dia me peguei fazendo planos para as bodas de prata."
Vera diz que teve um "insight" (revelação). "Meu marido engordou 30 kg nesses cinco anos, mas eu não me dava conta", diz. "Percebi de uma hora para outra, observando-o de cueca, após o sexo."
Ela diz que, além do peso do corpo do marido gordo, ela ainda carregava o da relação. "Ele era pesado no trato também", conta. "Um cara cheio de minúcias."
Vera mudou completamente de vida. "Não quero mais 'grandes investimentos'. Tenho me distraído muito com amigos 'encorpadinhos e descomplicados"', diz.
Ela também não exige de seus amigos "encorpadinhos" nada sério. "Nem eles de mim", explica. "A coisa começa e termina no maior bom humor."
"Só o corpinho basta"
Para a mineira de Belo Horizonte radicada em Londres Regina Mendes, 29, "muitas vezes, só o corpinho deles basta".
Quando era mais jovem, Regina diz que preferia homens mais velhos. "Gostava dos que tinham bagagem cultural", diz. "Hoje, sinto que estou com a mala cheia."
Ela conta que atualmente presta mais atenção na massa muscular do que na cinzenta. "Quero alguém com músculos para ter onde pegar", explica.
Regina diz que o físico vem antes de qualquer palavra. "Não há nada que se possa dizer que seja melhor para a auto-estima do que um corpão em silêncio."
Ela enumera algumas outras vantagens dos "fortinhos". "São ótimos para carregar malas em viagens, estão sempre dispostos para o sexo e riem de tudo."
Regina namora atualmente com um holandês louro, "fortão", que ela define como "easy" (fácil). "Eu o conheci em Ibiza (Espanha), há um ano, e desde então não nos separamos mais", diz.

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