São Paulo, domingo, 23 de março de 1997
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Centrais rejeitam corte também do salário

DA REPORTAGEM LOCAL

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical concordam em um ponto básico: ambas defendem a redução da jornada sem a diminuição de salários.
Para não ceder nessa questão, as centrais tentam encontrar mecanismos para convencer os empresários a aderir à idéia.
A Força defende abertamente a flexibilização da jornada e a redução de impostos para quem a reduzisse e contratasse.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (ligado à Força), Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, a flexibilização da jornada seria a contrapartida dos trabalhadores na negociação com as empresas.
"Se os empresários concordarem em reduzir a jornada, os trabalhadores concordam em flexibilizar a jornada", afirma.
Na campanha que o reelegeu presidente do sindicato dos metalúrgicos, neste ano, Paulinho prometeu liderar uma campanha para reduzir a jornada em 300 empresas da capital paulista.
A CUT também busca alternativas para a flexibilização.
Na proposta de redução apresentada na semana passada, o presidente da central, Vicente Paulo da Silva, disse que experiências como o "banco de horas", adotada na indústria automobilística são um bom exemplo a ser seguido.
No "banco de horas", os trabalhadores "depositam" horas extras e podem depois recebê-las em forma de folgas.
A experiência faz parte de acordos assinados entre montadoras e metalúrgicos do Estado de São Paulo.
Menos imposto
Uma solução estudada pelas centrais é propor a redução de impostos para as empresas que aceitarem reduzir a jornada e contratarem.
Como a idéia encontra resistência em alguns grupos da central, a CUT ainda estuda uma forma de propor uma possível redução de impostos.
Segundo Vicentinho, a central pretende propor uma fórmula onde a redução da jornada não signifique uma perda na massa de arrecadação do governo.
Desconto variado
Um caminho seria criar percentuais diferenciados de redução. Quanto mais as empresas contratarem, mais desconto teriam, até um certo limite.
Um exemplo: com a isenção, uma empresa que reduzisse e dobrasse o número de empregados continuaria pagando a mesma massa de impostos que pagava quando tinha a metade dos funcionários.
Negociação
A Força ainda discute sua proposta, mas a central também deve propor um percentual de redução de impostos para as empresas.
Segundo o presidente da Força, Luiz Antônio de Medeiros, o esforço para reduzir a jornada terá de ser repartido entre todos -governo, empresários e trabalhadores.
"O país precisa experimentar todas as formas possíveis de se criar emprego", disse.

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