São Paulo, domingo, 23 de março de 1997
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Cientistas dos EUA testam medicamento contra a gripe

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Saberemos daqui a dois anos se foi aprovado o produto preventivo e inibidor do vírus da gripe ou influenza.
As experiências até aqui realizadas em animais foram animadoras, mas para uso humano são necessários testes especiais de inocuidade para o paciente e de eficácia contra o vírus.
Na linguagem popular usam-se as palavras gripe e resfriado como sinônimas, correspondentes a uma só doença.
Mas, na verdade, tratam-se de doenças distintas, cada uma das quais, ao que se sabe hoje, por sua vez representadas por mais de um agente.
O resfriado é muito mais benigno, podendo mesmo passar despercebido. A gripe, que às vezes ataca esporadicamente, costuma ser endêmica, produzindo endemias de proporções variáveis e até pandemias como a que, em 1918, matou milhões de pessoas. O vírus da gripe foi o primeiro isolado em 1933 por Smith, Andrewes e Laidlaw no Reino Unido. No ano seguinte Francis e Magill isolaram nos Estados Unidos outro vírus. Daí por diante outros tipos foram isolados, ao mesmo tempo que se descreviam sintomas gripais no decurso de doenças produzidas por vírus próprios de outras moléstias. Contra a gripe existem vacinas, porém não havia produto preventivo e curativo resultante de operação quimioterápica.
Isso é o que agora foi anunciado (fevereiro de 1997) por empresa farmacêutica da Califórnia, a Gilead Sciences, no "Journal of the American Chemical Society".
O vírus da gripe encerra uma enzima, a neuraminase, que favorece a saída do vírus das células em que se multiplicou, podendo, assim, infectar outras células e se disseminar pelo corpo.
O composto agora referido, o GS4104, é capaz de bloquear a ação da enzima e impedir a disseminação do vírus.
Por enquanto tudo não passa de esperança, porque resta submeter o composto a experiências de segurança e eficácia. Certo é que ele protege contra a propagação do agente infeccioso entre os animais. Não age, porém, no resfriado, mas atua preventivamente quando ingerido (são pílulas) 48 horas antes dos primeiros sintomas da doença.

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