São Paulo, domingo, 23 de março de 1997
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Olé!

DADÁ CARDOSO

Barcelona descobre em uma carioca o jeitinho brasileiro para a moda
POR DADÁ CARDOSO, em Barcelona
Desconhecida do "mundinho fashion" brasileiro, tem uma carioca que anda aparecendo lado a lado com Versace e Dolce & Gabbana em revistas européias de moda.
Paulinha Rio, como é conhecida em Barcelona, é Paula Feferbaun no Brasil, uma frustrada estilista que se formou no Senai (RJ), trabalhou como vitrinista da Yes Brazil por um ano, desenhou moda jovem para a Chopper por dois, cansou e foi passar férias em Barcelona. "Enlouqueceu", como diz, e não voltou mais.
Isso foi seis meses antes da Olimpíada de Barcelona, em 92. A cidade estava fervendo. Paulinha bateu na porta de três estilistas com o seu "book" e foi contratada para desenhar camisetas para uma grife de moda jovem, a Custo-line.
Depois de um ano, mudou para a Raquel Vega, uma grife mais clássica, especializada em tailleurs, mas voltou a fazer vitrines. Mais uma vez desistiu, embarcou para o Brasil para quatro meses de férias, retornou a Barcelona e decidiu "não ser mais explorada".
Grife própria
Abriu sua própria grife, a Paulinha Rio, e, desde 94, apresenta um desfile por ano na capital catalã. Suas roupas poderiam estar bem encaixadas dentro das grifes do Mercado Mundo Mix. Ela mesma diz que são roupas alternativas -embora já tenha 30 pontos-de-venda na Espanha, Alemanha, Suíça e França.
Em janeiro de 96, ela participou de um "bureau de moda" em Londres, onde recebeu compradores de toda a Europa, além do Japão e dos EUA.
Em outubro, ela apresentou sua coleção de inverno 97 no badalado Espaço Gaudí e recebeu do jornal "El País" a seguinte crítica: "As peças foram apresentadas num espetáculo audiovisual em que as modelos se integravam a uma decoração provocadora, com um fundo musical eletrônico e maquiagem e penteados impactantes".
O "approach", segundo a avaliação do jornal, era "de nível internacional". Para os padrões europeus, diga-se.
Paulinha faz roupas pesadas, de inverno, no estilo "clubber wear" e "street wear", como ela define. "Faço roupas superpesadas no inverno. Por isso também não me dei bem no Brasil, não tem inverno. Já no verão deixo o sangue carioca subir e abuso dos decotes", afirma.
Paulinha faz hoje 10 mil peças por ano e vende uma calça com bolsos em tecidos sintéticos por US$ 90.
Apesar de sintonizadas com as tendências atuais, suas criações têm um quê de glamour clássico. Segundo a estilista, as inspirações são dos anos 20, com toques de Azzedine Alaia e Helmut Lang.
Os cortes são bem femininos e exaltam as formas de uma maneira bem brasileira. Mas sem cair no folclore de cores e exuberâncias tropicais.

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