São Paulo, domingo, 23 de março de 1997
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Série do GTN conta a vida de Prestes

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Mais um personagem da história recente do Brasil chega às telas do GNT, canal da Globosat. Depois de Assis Chateaubriand e Getúlio Vargas, é a vez do líder comunista Luiz Carlos Prestes ter sua história contada numa minissérie, que estréia quinta-feira às 21h.
Dividida em quatro capítulos de 45 minutos cada, a minissérie "O Velho -A História de Luiz Carlos Prestes" traz imagens e depoimentos inéditos sobre o político, morto em março de 1990 aos 92 anos.
Numa das imagens mais marcantes, Prestes surge, em 1947, em um comício no Pacaembu, organizado pelo PCB para comemorar os 25 anos do partido. O filme, do acervo do próprio PCB, é um dos trunfos do trabalho do diretor Toni Venturi, 41.
"Acho que esta é a primeira vez em que se faz, para a TV, um trabalho longo e bem documentado sobre a esquerda brasileira", diz Venturi, que além de dirigir, é o idealizador da série.
Preparar uma minissérie para a TV foi a forma que Venturi encontrou para concretizar um velho projeto. Há dez anos, desde que voltou do Canadá, onde estudou cinema, o diretor teve a idéia de contar a história do líder comunista num documentário.
"Conversei com Prestes, fiquei amigo de seus filhos, mas ele não queria ser o personagem de um filme. Achava que isso poderia parecer um culto a sua personalidade", conta Venturi.
O diretor continuou a recolher material -filmes, fotos, jornais, entrevistas-, mas não tinha perspectivas de concluir seu projeto. Em 1993, um prêmio de US$ 35 mil concedido pelo Ministério da Cultura para o incentivo a produções cinematográficas trouxe de volta a esperança. Com o dinheiro, Venturi conseguiu concluir a primeira pré-montagem de seu documentário.
Ainda faltavam recursos para a montagem final. O projeto parou por mais dois anos. "Já estava desesperado quando resolvi apresentar aquela cópia para o pessoal do GNT e da RioFilmes", conta Venturi.
"Gostamos do projeto e resolvemos bancar a pré-produção. Como Venturi já tinha todo o material gravado, o produto ficou com um preço baixo para nós", explica Letícia Muhana, 43, diretora do GNT, que investiu cerca de R$ 70 mil para concluir a minissérie.
Com o material que tinha, Toni Venturi preparou dois produtos diferentes: a minissérie de quatro capítulos para a TV e um documentário de 100 minutos, que será exibido na abertura do 2º Festival Internacional de Documentários.
Depois, o documentário será lançado no circuito de cinemas no Rio e em São Paulo.
"Acho que fizemos uma parceria interessante, que mostra que TV e cinema não são veículos incompatíveis, mas podem se ajudar", diz Letícia Muhana.
A série
Venturi dividiu a versão televisiva de "O Velho -A História de Luiz Carlos Prestes" em quatro episódios temáticos a serem exibidos toda quinta-feira às 21h.
No primeiro capítulo, intitulado "A Inocência", Venturi conta o surgimento do movimento tenentista, a marcha da coluna Prestes e as desavenças entre Getúlio Vargas e Prestes.
O segundo, "A Coragem", aborda o romance com Olga Benário, a volta clandestina ao Brasil, a prisão do casal e a morte de Olga no campo de concentração.
No terceiro episódio, "A Esperança", é mostrada a relação de Prestes com o Estado Novo, sua anistia em 45, a eleição para o Senado e a volta à clandestinidade.
A minissérie termina com o episódio "A Maturidade": o golpe militar de 64, o novo exílio em Moscou, a volta ao Brasil em 1979, a ruptura com o PCB em 1980 e a morte, aos 92 anos, no dia 7 de março de 1990.

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