São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 1997
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Investimento é recorde em país em desenvolvimento

Entrada de dinheiro chega a US$ 244 bilhões em 96, diz Bird

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O fluxo de investimento privado nos países em desenvolvimento registrou um aumento de US$ 60 bilhões em 96 e alcançou a cifra recorde de US$ 244 bilhões, segundo o Banco Mundial (Bird).
O estudo do Bird informa que a ajuda oficial -por parte dos governos- aos países em desenvolvimento permaneceu estancada, enquanto o volume de empréstimos de longo prazo apresentou queda significativa.
Já o investimento externo direto nesses países teve forte aumento no ano passado, crescendo cerca de US$ 14 bilhões e atingindo um total de US$ 110 bilhões.
Entre os principais países que receberam recursos de capital privado o ano passado estão o México, com investimentos em torno de US$ 28,1 bilhões; Brasil, com US$ 14,7 bilhões; Argentina, com US$ 11,3 bilhões; e Chile, com US$ 4,6 bilhões.
No grupo de 12 países em desenvolvimento que recebeu a maior parte do investimento estrangeiro, a China ocupou o primeiro lugar, com US$ 52 bilhões. A Indonésia, com US$ 17 bilhões; Malásia, com US$ 16 bilhões e Tailândia, com US$ 16 bilhões, também receberam grandes volumes de recursos externos.
Telecomunicações
O vice-presidente e economista chefe do Banco Mundial, Joseph Stiglitz, destacou que os investimentos privados se concentraram em setores que podem oferecer um retorno econômico a curto e médio prazos, como telecomunicações, eletricidade e transportes.
O financiamento privado nas áreas de infra-estrutura nos países em desenvolvimento aumentou em US$ 22 bilhões anuais nos últimos três anos, o que se reflete em empréstimos bancários altos e no incremento da utilização de ativos e bônus.
Para o capital privado, foram menos atraentes os investimentos em saúde e educação, que seriam de responsabilidade dos governos dos países.
Stiglitz afirmou que os recursos privados destinaram-se principalmente aos países em desenvolvimento que adotaram programas de ajuste estrutural e que vêm seguindo políticas macroeconômicas adequadas.
Cerca de 73% dos investimentos estrangeiros foram destinados no ano passado a somente 12 países, uma queda em relação aos aplicados em 1990, quando essa proporção alcançou 84%.
Juros mais altos
Stiglitz, que começou a trabalhar para o Banco Mundial no mês passado, depois de ter sido presidente do conselho de conselheiros econômicos do presidente Bill Clinton, disse que espera um aumento nas taxas de juros americanas.
Esse aumento não deverá, porém, inibir significativamente os investimentos privados nos países em desenvolvimento.
Tradicionalmente, investimentos nos mercados emergentes diminuem quando os juros em países mais ricos -e, portanto, com menores riscos- se tornam mais atraentes. "Os juros vão subir, mas não muito", disse Stiglitz. "A economia dos EUA não está superaquecida."
O Banco Mundial também comentou que a queda da ajuda oficial às nações em desenvolvimento é causa de "séria preocupação", já que o investimento de longo prazo deve complementar o capital privado externo.
Lucros dos bancos
O aumento nos empréstimos bancários para a América Latina tem sido acompanhada de um crescimento nos lucros desses bancos na região. Grandes bancos espanhóis prevêem lucrar em 1997 na América Latina cerca de US$ 900 milhões. No ano passado, a cifra foi de US$ 311 milhões, segundo fontes do setor.

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