São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 1997
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Terror, cor e sexo nos jornais

MAURICIO STYCER

São Paulo - Três notícias duras de engolir, ou sensacionais, dependendo do time pelo qual você torce:
1. Itamaraty recebe em audiência a brasileira de origem palestina que passou quase 11 anos presa em Israel por ter participado de um ato terrorista que resultou na morte de um soldado israelense.
Onde exatamente o Itamaraty se meteu? Na maior confusão. Qual o significado desse gesto? Difícil de entender. O que o Brasil ganhou com isso? Nada, aparentemente.
Lamia Maruf Hassan foi libertada, com outras presas palestinas, no contexto de um acordo negociado entre israelenses e palestinos -e cumprido com atraso pelo governo de Israel.
Além de ser brasileira e ter participado de ato terrorista, o que Lamia fez pelo país? Cartas para o Itamaraty.
2. Leonel Brizola, presidente do PDT, diz que Celso Pitta, prefeito de São Paulo, é o alvo central da CPI dos precatórios porque é negro.
O que Brizola quis dizer com isso? "Os graúdos mesmo, que também devem ser atingidos pelas investigações, estão na toca", explicou.
Desde que se aliou a Collor, Brizola nunca mais foi o mesmo. Além de achar que Pitta não é graúdo, disse: "O responsável por esse mar de irregularidades a que estamos assistindo é Fernando Henrique Cardoso, ele é o chefe. Se isso estivesse ocorrendo com Brizola, todos estariam dizendo que é o brizolismo. Por isso, me sinto à vontade para dizer que isso é o governo Fernando Henrique Cardoso."
3. O vigário geral da arquidiocese de São Paulo, dom Antônio Gaspar, baixa um "decreto administrativo de aprazamento de casamento religioso", proibindo pelos próximos dois anos o matrimônio entre Lourdes Helena Moreira e Carlos José de Sousa.
O que a progressista igreja de São Paulo está proibindo? O casamento entre uma ativista lésbica e um travesti que ganha a vida fazendo filmes pornôs. O que a Igreja Católica tem a ver com esse casamento? Tem o poder de proibi-lo num de seus templos -e manter-se distante de seus fiéis.

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