São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A menor importância

VALDO CRUZ

Brasília - Primeiro, o assunto era reeleição. Janeiro e fevereiro foram consumidos pelo governo na batalha pela possibilidade de mais um mandato para o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Aprovada a reeleição na Câmara, veio então o escândalo dos precatórios. O caso explodiu em fevereiro, depois que os senadores descobriram uma quadrilha que atuava na venda de títulos públicos para pagar dívidas resultantes de sentenças judiciais.
O ano já está no seu terceiro mês, caminhando para o quarto, e até agora algumas medidas importantes para o futuro do país continuam se arrastando dentro do Congresso.
É o caso da reforma administrativa. A proposta do governo tramita no Congresso há um ano e meio. Na semana passada, os deputados fizeram uma nova promessa de votar a emenda constitucional. Que, naturalmente, não foi cumprida.
A turma que defende os privilégios deve estar adorando. Está, inclusive, aproveitando que as atenções estão concentradas na CPI dos Precatórios para resistir na surdina.
Outras duas reformas essenciais -previdenciária e tributária- também estão empacadas. Sobre a última, então, nem se ouve falar.
Enquanto isso, o país convive com duas bombas-relógios. O déficit nas contas públicas e os rombos na balança comercial.
O governo diz que as reformas administrativa e previdenciária são fundamentais para a reorganização das contas públicas. E, para exportar mais, é preciso reduzir impostos.
Até agora, porém, nem o governo nem o Congresso se empenharam para que essas emendas constitucionais sejam votadas rapidamente.
Não se viu, por exemplo, um esforço parecido como o despendido em nome da reeleição. Nem como o que está sendo dedicado à busca dos responsáveis pelo escândalo dos precatórios.
Ou o governo e o Congresso não conseguem tratar de dois assuntos importantes ao mesmo tempo ou não dão a menor importância a essas reformas.

Texto Anterior: Terror, cor e sexo nos jornais
Próximo Texto: Do liberalismo, ainda
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.