São Paulo, terça-feira, 25 de março de 1997
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Fundos de pensão ficaram com títulos

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento feito pela CPI dos Precatórios revelou que fundos de pensão patrocinados por estatais compraram títulos públicos depois que eles passaram por instituições suspeitas de terem realizado fraudes com esses papéis.
Na sexta-feira, o ministro Sérgio Motta (Comunicações) afastou toda a direção da Telos, o fundo de pensão dos funcionários da Embratel, que comprou R$ 30,200 milhões em títulos de Pernambuco, Santa Catarina e Osasco (SP).
O Serpros, dos funcionários da Serpro (Serviço de Processamento de Dados do Governo Federal), é o terceiro maior tomador final dos papéis investigados, com uma carteira de R$ 23, 936 milhões.
O Previrb, dos funcionários do Instituto de Resseguros do Brasil, tem a quinta maior carteira entre os fundos. Ele comprou três lotes de Pernambuco e tem R$ 13,867 milhões, incluindo também papéis de Alagoas e Rio de Janeiro.
Ontem, a CPI concluiu o rastreamento das cadeias de compra e venda de cinco lotes de títulos de Pernambuco que foram parar nas carteiras de fundos de pensão.
Nessas operações, aparecem como intermediárias empresas citadas no esquema: IBF Factoring, Astra, Olímpia, Ativação, Split, Paper, Valor e Mercado.
As compras e vendas dentro dessas cadeias ocorreram sempre no mesmo dia, e deixaram lucro com as instituições que ainda está sendo avaliado pela CPI. No final das cadeias, aparecem os fundos de pensão Serpros, Telos e Previrb.
Os técnicos da CPI identificaram que quatro das cinco operações rastreadas tiveram início a partir de papéis que antes haviam sido comprados pelo Bradesco.
A CPI suspeita que administradores dos fundos tenham participado do esquema. Eles serão chamados para depor.
Os fundos são um dos maiores compradores de títulos estaduais e municipais. Levantamento da CPI indica que 15 fundos compraram R$ 161,156 milhões desses papéis.
O maior comprador desses papéis é a Petros, o fundo dos trabalhadores da Petrobrás, que tem R$ 33,035 milhões em sua carteira. A seguir vêm a Telos, Serpros, Funcef (funcionários da Caixa, com R$ 20 milhões), Previrb e Fundação Itaipu (R$ 12,543 milhões).

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