São Paulo, terça-feira, 25 de março de 1997
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Preso por engano quer R$ 300 mil

DA FOLHA VALE

O vigilante Jorge Luiz da Costa, 30, vai pedir uma indenização de R$ 300 mil ao Estado por ter passado 38 dias preso por engano na cadeia pública de Caçapava (105 km de SP).
Ele foi confundido pela Polícia Civil de São José dos Campos com um suspeito de homicídio na cidade de Umuarama (GO).
Segundo a polícia, o nome e a data de nascimento de Costa coincidiam com os do procurado pelo crime em Goiás. "Eu disse que era inocente, mas ninguém da polícia quis me ouvir", disse Costa.
O vigilante ficou preso de 27 de janeiro e 5 de março. Ele foi solto por meio de um habeas corpus concedido pelo juiz Reynaldo da Silva Ayrosa Neto, no último dia 4, depois que sua advogada, Irani Vieira, foi até Goiás e conseguiu a ficha completa do verdadeiro procurado pela polícia.
No habeas corpus, o juiz afirma ser obrigação do delegado responsável pela prisão buscar a verdade real dos fatos e ouvir as alegações do suspeito.
Prisão
O vigilante foi preso ao procurar o 7º Distrito Policial de São José dos Campos para obter um atestado de bons antecedentes.
Ele resolveu pedir o atestado porque a empresa de segurança em que trabalhava, a Vanguarda Segurança e Vigilância, o teria forçado a pedir demissão por suspeitar que ele tivesse passagem na polícia. "Cheguei no distrito, me identifiquei e fui preso."
O delegado Eduardo Kepczynski, 36, disse ter feito a prisão porque a ficha de Costa "batia" com a do suspeito. O vigilante disse que nunca teve a oportunidade de apresentar provas de que não era procurado.
"Eu podia provar de um jeito ou de outro que era inocente. Além dos documentos, o registro em minha carteira de trabalho comprova que no dia do crime em Goiás eu estava trabalhando em São José dos Campos."
Prejuízos
"Fui humilhado", disse o vigilante. Segundo ele, além de danos morais, ele teve um prejuízo de R$ 2.000 para provar que é inocente. Ele informou que ainda deve R$ 1.000 para sua advogada.
Mineiro de Santos Dumont, Costa disse que chegou a São José dos Campos (97 km de SP) em 89.
Costa é casado e tem dois filhos pequenos. Ele informou que o emprego que tinha era sua única fonte de renda. Segundo ele, seu salário era de R$ 400.

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