São Paulo, terça-feira, 25 de março de 1997
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Ação quer anular patrocínio da Telesp na venda do Ruth Escobar

Processo pretende colocar bens da atriz em indisponibilidade

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

O teatro Ruth Escobar está novamente às voltas com a Justiça. A procuradora da República Mônica Nicida Garcia e o promotor da cidadania Antonio Celso Campos de Oliveira Faria entraram, na última sexta-feira, com uma ação contra a venda do imóvel para a Apetesp.
A Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo adquiriu o edifício em setembro de 96 por R$ 5,5 milhões.
Um mês depois, pagou os primeiros R$ 2 milhões à antiga proprietária -a Dinâmica, empresa da atriz e ex-deputada estadual Ruth Escobar.
Conseguiu o dinheiro com a Telesp, que o cedeu sob a forma de patrocínio cultural, em troca de explorar os espaços publicitários do teatro, localizado no bairro paulistano da Bela Vista.
O pagamento dos outros R$ 3,5 milhões -que a Apetesp está captando junto às iniciativas privadas e pública- deverá se dar entre 12 e 24 meses.
Má qualidade
Na ação, Mônica Nicida e Oliveira Faria pedem:
* A anulação do contrato de patrocínio cultural.
* A devolução dos R$ 2 milhões à companhia telefônica (uma sociedade anônima controlada pela União).
Solicitam, ainda, punições contra o presidente da Telesp, Carlos Eduardo Sampaio Doria, e o diretor de recursos humanos, Nereu Ramos Neto.
Com base na lei 8429/92, a ação acusa os dois executivos de lesarem o erário e ofenderem os princípios da administração pública.
O promotor e a procuradora também reivindicam liminar que coloque os bens de Ruth Escobar, Sampaio Doria, Ramos Neto e Sérgio Dantino (presidente da Apetesp) em indisponibilidade até o ressarcimento dos R$ 2 milhões.
O processo tramitará na 17ª Vara Federal de São Paulo -a mesma onde, desde fevereiro, está correndo outra ação contra a venda do teatro, promovida por João Marcos Monteiro Flaquer e mais dois advogados.
"A Telesp oferece um serviço de má qualidade. Em contrapartida, repassa R$ 2 milhões com extrema rapidez, sem licitação e sem ter certeza de que a Apetesp conseguirá o resto do dinheiro necessário para a compra do teatro", disse Oliveira Faria à Folha.
Inquérito
O promotor, além de mover a ação, instaurou inquérito civil que pretende apurar irregularidades em um anúncio da Telesp publicado na imprensa paulista.
O informe publicitário, com data de 2 de março, discorre sobre "a omissão de certos fatos e a deturpação de outros" no que se refere à venda do teatro.
Logo depois, transcreve 15 declarações de personalidades que apóiam o patrocínio da companhia telefônica.
Entre os que se manifestam, estão os atores Raul Cortez, Regina Duarte, Tony Ramos, Irene Ravache, Gianfrancesco Guarnieri, Ney Latorraca, Guilherme Fontes e Tarcísio Meira, o ex-presidente da Fundação Bienal Edemar Cid Ferreira e o ministro da Cultura, Francisco Weffort.
Para o promotor, o informe publicitário fere o artigo 37 da Constituição.
"A Carta Magna exige que órgãos do governo veiculem apenas publicidade de caráter educativo, informativo ou de orientação social. Não é o caso do anúncio da Telesp", afirmou.

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