São Paulo, terça-feira, 25 de março de 1997
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Cenas explícitas de educação

CLÓVIS ROSSI

Berlim - A reunião anual do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), encerrada semana passada na Espanha, concluiu com a avaliação de que o ciclo de reformas na América Latina necessita uma "segunda onda", na forma de uma revolução educacional. É, diz o BID, condição essencial para estimular um crescimento elevado e a redução da pobreza disseminada.
É a enésima defesa de um choque educacional na região, o que não bastou, até agora, para comover governo e opinião pública no Brasil, de modo a elevar o tema ao topo das prioridades.
Passemos, então, das análises acadêmicas à vida real, tomando como exemplo o Estado alemão de Brandemburgo (que circunda Berlim), prova eloquente de que educação é um ativo econômico fundamental.
Fazia parte da antiga Alemanha comunista e, agora, de uma Alemanha unificada da qual, supostamente, os empresários deveriam fugir. Afinal, boa parte dos especialistas e quase todos os grandes empresários consideram que se trata do país em que o custo do trabalho (salários diretos mais a carga fiscal sobre a folha de pagamentos) é o mais alto do mundo.
Por que, então, Brandemburgo conseguiu, desde que virou capitalista, há meros sete anos, atrair 13 bilhões de marcos (cerca de R$ 8,7 bilhões) em investimentos, parte deles de firmas estrangeiras como a coreana Samsung, a suíça Asea Brown-Boveri etc?
Responde Leonardo Noto, diretor-gerente da Corporação de Desenvolvimento Econômico estadual: "Porque a habilidade e produtividade do trabalhador alemão tornam mais barato produzir aqui do que em outros países", apesar dos salários e da carga fiscal.
É covardia, eu sei, comparar o Brasil com a Alemanha unificada. Mas não seria disparatado fazê-lo com a antiga Alemanha Oriental, em que ficava Brandemburgo.
A diferença está na educação, hoje como antes.

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