São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Receita investiga declarações de Pitta
DA REPORTAGEM LOCAL O juiz Paulo Octávio Baptista Pereira, do Tribunal Regional Federal em São Paulo, decretou dia 18 segredo de Justiça em investigação sobre suposta sonegação fiscal do prefeito Celso Pitta.A investigação foi iniciada pelo Ministério Público Federal em São Paulo em 25 de novembro do ano passado a partir de reportagem da "FT" que noticiou que Pitta tinha um padrão de vida superior ao permitido pelo seu salário. A iniciativa da investigação partiu da procuradora da República Rose Santa Rosa, que requisitou à Receita Federal uma devassa nas declarações de Imposto de Renda de Pitta e de sua mulher, Nicéa, nos últimos cinco anos. Com a posse de Pitta na prefeitura, em janeiro, a investigação passou a ser de responsabilidade do chefe da Procuradoria Regional da República em São Paulo, Coriolano de Góes Neto, que tem a atribuição constitucional de atuar em casos que envolvem o prefeito. Góes Neto afirmou ontem que não iria dar entrevistas. A Receita Federal enviou ao MP uma avaliação sobre o patrimônio de Pitta, mas ela foi considerada insuficiente. Novas investigações foram solicitadas. Ao solicitar à Receita a investigação fiscal de Pitta e de Nicéa, a procuradora Santa Rosa afirmou que "há indícios de prática de crime de sonegação fiscal, uma vez que o mesmo (Pitta) estaria realizando despesas em montante superior às receitas". Segundo a declaração de Imposto de Renda de Pitta referente a 1995, ele recebeu R$ 28.414,00 de salário como secretário das Finanças paulistano. Patrimônio de Nicéa A declaração informa também que Nicéa teve um acréscimo patrimonial de R$ 33.229,66. Além disso, o casal recebeu R$ 4.500,00 pela venda de um Uno e R$ 13.500,00 pela venda de um Tempra. Somando-se outras fontes menores, a renda da família foi de R$ 83.502,26. Os problemas de Pitta estão no quadro de despesas que ele declarou ter tido em 1995. Apenas no pagamento do financiamento do apartamento de quatro quartos, nos Jardins, Pitta pagou R$ 19.557,83. O apartamento foi avaliado em R$ 400 mil. Ainda em 95, com um salário que não chegava a R$ 2.500,00, Pitta comprou um Alfa Romeo 164 importado. Pagou naquele ano R$ 24.000,00 de financiamento. No mesmo ano, Pitta comprou um Corsa para a filha, Roberta, por R$ 14.625. Somando-se outras despesas, chega-se a R$ 64.732,63. Assim, a diferença entre o que a família Pitta recebeu e gastou em 95 foi de R$ 18.796,00, tendo "sobra" de R$ 1.564,13 por mês. Com esse dinheiro, Pitta teria de pagar todas as despesas pessoais da família, como o condomínio de dois apartamentos, salário de duas empregadas e da governanta e alimentação. Texto Anterior: Governistas querem atenção no fura-fila Próximo Texto: Paraguai vai investigar BB por lavagem Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |