São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997
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Agentes do Paubrasil são os mesmos dos precatórios

EMANUEL NERI
FÁBIO SANCHEZ

EMANUEL NERI; FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Esquema de campanha de Maluf operou com papéis públicos

Cerca de dez agentes financeiros e empresários que operaram com o esquema Paubrasil também atuaram no caso dos precatórios. Entre eles, estão os bancos Operador, Cidade, Pontual, Beron e a corretora Split.
O esquema Paubrasil funcionou de forma ilegal durante as campanhas eleitorais de Paulo Maluf em 90 (para governador) e 92 (prefeito de São Paulo). A empresa arrecadou ilegalmente mais de US$ 19 milhões de empreiteiras e bancos.
Junto com bancos e corretoras envolvidas nos dois casos também aparecem nomes que operam nos dois esquemas. O primeiro é o de Enrico Picciotto, que era um dos donos do Banco Operador até 92.
Em 1990, o Operador teve importante atuação no esquema Paubrasil. Segundo João Carlos Martins, ex-dono da Paubrasil, o banco recebia os cheques doados por empresários para as campanhas malufistas.
Suspeito de monitorar o esquema de empresas "laranjas" no caso dos precatórios, Picciotto fundou a Split depois de vender o Operador. Na campanha de Maluf, em 90, ainda sob sua direção, o banco doou US$ 40 mil para gastos eleitorais do malufismo.
Na campanha eleitoral de Maluf em 92, a nova empresa de Picciotto, a Split, recebeu depósitos da Paubrasil no valor de US$ 300 mil.
Naquele mesmo momento, um segundo envolvido no caso dos precatórios, o Beron (Banco do Estado de Rondônia), também se envolveu com a Paubrasil. As investigações da CPI dos Precatórios, segundo o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), revela que a empresa de Piccioto depositou o dinheiro da Paubrasil no Beron.
No ano passado, Picciotto volta a aparecer em outro negócio envolvendo Maluf. A Engebrás, empresa de sua propriedade, assinou contrato com a Prefeitura de São Paulo para a instalação de radares na cidade. O contrato está sendo contestado na Justiça.

Priolli Várias pessoas que trabalhavam no Banco Operador acabaram se envolvendo mais tarde no caso dos precatórios. É o caso, por exemplo, de José Luis Priolli -na época diretor comercial do banco e hoje um dos donos da distribuidora Negocial, apontada pela CPI dos Precatórios como suspeita de operar com "laranjas".
Além dele, se transferiram do Operador para a Split a secretária Dalva Gonçalves e Sérgio Chiamarelli Júnior.
Outra coincidência entre Operador e Split: Ibraim Borges Filho, que atua como "laranja" no caso dos precatórios, também tinha conta fictícia no banco.
Na semana passada, ao ser ouvido na Polícia Federal, Ibraim disse que Pedro Mammana, também envolvido no caso dos precatórios, o teria apresentado ao Operador.
Ao consultar os chamados "cadernos de campanha", espécie de livros contábeis do esquema Paubrasil, João Carlos Martins disse que outros bancos suspeitos de envolvimento no caso precatórios também colaboraram com as campanhas malufistas.
O Banco Pontual, segundo ele, fez uma doação de US$ 30 mil para Maluf em 90. A instituição está sendo investigada pela CPI dos Precatórios devido ao seu envolvimento na negociação de títulos de Guarulhos (SP).
No Banco Cidade, eram depositadas as doações para a campanha. Segundo Martins, 30% dos US$ 19 milhões arrecadados passaram pelo Cidade. A instituição atuou no esquema Paubrasil nas campanhas malufistas de 90 e 92.
No dia 7 de novembro de 96, o mesmo banco fez uma doação de R$ 100 mil para a campanha de Celso Pitta à Prefeitura paulistana.
Em novembro de 95, o Cidade negociou títulos da Prefeitura de São Paulo. Outra operação ocorreu fevereiro de 96.

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