São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997 |
Próximo Texto |
Índice
Ameaças fazem escola suspender aula PRISCILA LAMBERT PRISCILA LAMBERT; FABIO SCHIVARTCHE
Uma série de ameaças de alunos levou professores da escola estadual de 1º grau Celestino Bourroul, na periferia de Santo André (Grande São Paulo), a fechar a escola por um dia. Professores acreditam que os alunos façam parte de uma gangue local de traficantes de droga. Eles estudam no supletivo noturno e se revoltam com professores e funcionários por causa de repreensões ou notas baixas. "Eles trazem armas para dentro da escola e não podemos fazer nada, senão eles revidam", diz um professor que não quis se identificar. "Estamos à mercê de suas vontades." Segundo professores, no início do mês, alguns funcionários da escola teriam ouvido um grupo de alunos planejar a morte da diretora. A reportagem não conseguiu localizar esses funcionários. "Eles diziam, em baixo tom de voz, que iriam fazer uma emboscada, fechando dois portões de acesso à sala da diretoria. Só não conseguiram porque nesse dia a diretora havia faltado", afirma uma professora. Como medida de proteção, a diretora pediu, junto à 1ª Delegacia de Ensino de Santo André, seu afastamento durante um mês. Tráfico Os professores afirmam que as ameaças vêm ocorrendo desde o início do mês, quando um aluno apontou uma arma a outro dentro da sala de aula e foi contido pela professora. O aluno ameaçado teria sido acusado pelo grupo de ter delatado um possível traficante de drogas da escola. A Delegacia de Ensino pediu intensificação de policiamento na região da escola. Os policiais, segundo professores, estiveram no local dois dias e não voltaram. "Mas não temos um número suficiente de policiais para cuidar especificamente das escolas", diz. Novas ameaças Na semana passada, o grupo mandou um recado por intermédio de outros alunos. Eles disseram à coordenadoria da escola que, se a diretora voltasse, "não sobreviveria três dias". Na última sexta-feira, uma professora, após entregar notas de provas aos alunos, teve os quatro pneus de seu carro furados. A última ameaça ocorreu anteontem, quando uma pessoa não identificada ligou para a coordenadoria da escola, dizendo o nome de um professor que "se não tomasse cuidado, seria o próximo a ter seu carro depredado." Diante da última ameaça, os professores se reuniram anteontem e decidiram suspender as aulas para discutir medidas a serem tomadas. Eles abririam a escola ontem à noite, para conversar com todos os alunos sobre a situação. Segundo Maria da Conceição Marques, a idéia da diretoria é fazer um trabalho de conscientização com os alunos para tentar reverter a situação. Próximo Texto: Professor afirma que máfia domina escola Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |