São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997
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Baden convida Caetano, Gil e Chico para gravar novo disco

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Os compositores Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque serão convidados nos próximos dias para participar do novo disco do violonista Baden Powell.
Produzido pela Sony Music, o disco "A Bênção de Baden Powell" chega ao mercado ainda este ano com 14 dos maiores sucessos compostos pelo violonista.
Anteontem, um dia depois de se apresentar por 2h15 no projeto "Pelourinho Dia e Noite" (centro histórico de Salvador), Baden Powell, 59, falou à Agência Folha sobre seu novo disco e sobre a música instrumental no Brasil.
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Agência Folha - Quem serão os seus parceiros no novo trabalho?
Baden Powell - Vou convidar pessoas que considero muito importantes na música brasileira, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Marisa Monte e Gal Costa, entre outros. O projeto é colocar esses grandes cantores para interpretar minhas músicas.
Agência Folha - Em relação aos seus trabalhos anteriores, o que há de novidade neste disco?
Powell - Tem um samba que fiz especialmente para a Daniela Mercury e quero convidar o Caymmi (Dorival Caymmi) para fazer uma participação especial em uma das faixas. Não conheço pessoalmente a Daniela, mas acho que o samba que fiz se encaixa perfeitamente no seu jeito de interpretar. O disco também não tem músicas novas, mas os meus maiores sucessos.
Agência Folha - Como você avalia o atual estágio da música instrumental no Brasil?
Powell - Está atravessando um ótimo momento, embora reconheça que a música instrumental é muito menos divulgada do que a cantada. Isso se deve em parte à dificuldade que o público tem para assimilar músicas sem letras. Mas basta observar o trio elétrico e o frevo para perceber que o espaço da música instrumental no Brasil tem crescido muito.
Agência Folha - Por que a música instrumental não é muito divulgada no Brasil?
Powell - Isso é fácil de explicar. As multinacionais (gravadoras) querem saber apenas de quem faz sucesso imediato e não dão espaço para os jovens talentos brasileiros. Hoje, o diretor artístico de uma gravadora nem sempre seleciona o cantor pelo seu talento musical. Há outras razões para a colocação de um artista no mercado.
Agência Folha - Mas são só as gravadoras as responsáveis?
Powell - Claro que sim. A música brasileira é a única no mundo rica em melodia, harmonia, ritmo, dança e poesia, mas as gravadoras insistem em continuar com a "coca-cola e o rock". Acho que essa é uma proposta burra.
Agência Folha - Você participou diretamente da bossa nova e depois acompanhou outros movimentos que revolucionaram a MPB. O que você prevê para a música brasileira nos próximos anos?
Powell - Acho que, nos próximos cinco anos, vai acontecer uma revolução espontânea, que vai causar o mesmo impacto da bossa nova e do tropicalismo. Os talentos estão espalhados por todo o Brasil e basta observar a Bahia para perceber que essa revolução musical é viável.

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