São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997 |
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Peça aborda genialidade de Beethoven
ERIKA SALLUM
Quem encarna o artista é Stênio Garcia, que, na montagem dirigida por Maurice Vaneau, faz dupla com Ester Góes. O texto -de Mauro Chaves- é fiel aos fatos reais. Disseca as disputas judiciais entre Beethoven e sua cunhada pela guarda do sobrinho do músico, filho de seu irmão mais velho. Quando o pai da criança morreu, nomeou o pianista seu tutor. Beethoven iniciou uma verdadeira batalha para criar o garoto longe da mãe, considerada por ele uma "vadia". Em vez de essa mulher aceitar os fatos, decidiu lutar para conseguir de volta a posse de seu filho. O período apresentado na peça, que termina com a morte do protagonista, foi também o mais fértil de sua carreira, quando compôs preciosidades, como algumas de suas famosas sinfonias. "O eixo central da peça é um pretexto para mostrar a fase madura de Beethoven e para levantar uma dúvida: afinal, essas brigas atrapalharam ou ajudaram sua profissão?", indaga o autor, Mauro Chaves. Ele mesmo responde a essa pergunta: "Ajudaram". Chaves explica que essa tese, defendida por um dos biógrafos do artista, Solomon Maynard, vem embalada por outra, a de que a cunhada mostrou a ele "o espelho da realidade". "O processo de produção de Beethoven devia ser um drama terrível, com ele, surdo, tentando compor sua música. A cunhada acaba salvando-o da loucura." Fã do pianista desde os tempos em que estudava em um conservatório, o dramaturgo ressalta que sua peça foge das caricaturas que transformam Beethoven em um ser carrancudo e sério. "Ele era engraçado, divertido. Bebia vinho com os amigos, lia jornal, tinha senso de humor." Vaneau "Beethoven" não é a estréia de Mauro Chaves no teatro. Jornalista e roteirista, já havia escrito peças como "Cabeça e Corpo" e "Os Executivos". Mas esse é o primeiro espetáculo em que atua também como produtor, "acompanhando o processo do princípio ao fim". Para dirigir a montagem, ele chamou o belga naturalizado brasileiro Maurice Vaneau, veterano de palco e ex-diretor dos teatros Municipal (São Paulo) e Guaíra (Curitiba), entre outros. Maurice Vaneau assina a direção, a cenografia e o figurino: "Sou formado em artes plásticas, isso influi muito. Além disso, unir essas funções facilita muito o meu trabalho". Segundo ele, tanto cenário quanto figurino serão de época, em tons de marrom. "Queria uma coisa simples." Peça: Beethoven Autor: Mauro Chaves Diretor: Maurice Vaneau Com: Stênio Garcia, Ester Góes, Amaury Alvarez, Luiz Serra, entre outros Quando: estréia hoje, às 21h; de quarta a sábado, às 21h; domingo, às 18h Onde: teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 011/288-0136) Quanto: R$ 15 (quarta), R$ 20 (quinta, sexta e domingo) e R$ 25 (sábado) Texto Anterior: Manchete ameniza a volúpia de noviças em "Xica da Silva" Próximo Texto: Ator deu salto em sua carreira Índice |
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