São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997 |
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Manchete ameniza a volúpia de noviças em "Xica da Silva" Emissora diz ter sofrido pressões de grupos católicos FERNANDA DA ESCÓSSIA
A gerente do departamento de comunicação da Manchete, Adriana Carvalho, disse que a emissora atendeu a pressões de grupos católicos que protestaram contra as cenas, ainda não exibidas mas já divulgadas nas publicações especializadas. "A Manchete não tem interesse em criar conflito com a cultura religiosa brasileira. Houve resistências e, em função destas resistências, os capítulos foram alterados", afirmou Carvalho. Censura Walter Avancini, diretor e co-autor da novela e diretor artístico da emissora, protestou dizendo ter sofrido uma "uma censura cultural". "Os grupos católicos começaram a falar sobre o que não viram. Não tive a intenção de provocá-los. Vou mexer porque não precisamos dessa polêmica, a novela vai muito bem e não quero prejudicar o produto. Mas não mexerei novamente, porque senão voltaremos aos tempos da ditadura", afirmou. Arquidiocese do Rio No dia 18 de março, a comissão de grupos leigos da Arquidiocese do Rio de Janeiro entrou com uma representação junto ao Ministério Público pedindo a suspensão das cenas. O Ministério Público Estadual notificou a Manchete no dia seguinte, 19 de março, pedindo informações sobre o conteúdo dos capítulos. A assessoria de comunicação do Ministério Público confirmou a notificação, mas informou que até o final da tarde de ontem não havia recebido ainda resposta da emissora. Sem posição oficial da Manchete, o Ministério Público poderia entrar com pedido de liminar suspendendo capítulos de "Xica da Silva". O diretor jurídico da Manchete, Alan Caruso, não foi encontrado para comentar a possível suspensão. A Manchete decidiu que na Sexta-feira Santa não exibirá nem a novela nem o noticiário policial "Na Rota do Crime". Em lugar deles, foi programado o filme "O Evangelho de São Mateus". O capítulo programado para a Sexta-feira Santa era o mais polêmico. As noviças, enfeitiçadas por uma bruxa, levantariam as saias e sairiam pela cidade mordendo e beijando homens. Uma das noviças, depois de resistir ao primeiro feitiço, sucumbiria ao beijar o umbigo da bruxa. Avancini manteve a história das noviças, mas mudou a forma das cenas. Segundo ele, haverá apenas um ataque, e não quatro, e tudo será contado com cenas na penumbra e silhuetas. O destino das noviças foi mantido: o feitiço sexual acabará quando elas casarem com os soldados da cidade. Texto Anterior: Mané Silveira troca bebop pelo samba em "Bonsai Machine" Próximo Texto: Peça aborda genialidade de Beethoven Índice |
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