São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997
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Warhol aparece como nunca foi visto

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

O artista Andy Warhol está de volta. Ao menos é o que pregam seus amigos, John O'Connor e Benjamin Liu, que publicaram em Nova York um dos registros mais corretos de sua vida, no livro "Unseen Warhol" (Warhol não-visto).
Morto em 1987, Andy Warhol é um dos principais nomes da arte pop e da "memorabilia" da arte contemporânea. Este livro recupera justamente o dia-a-dia do artista, suas histórias, peculiaridades e muitas idiossincrasias. Mais: mostra onde estão e o que fazem, hoje, as pessoas que escreveram a história dos anos 70 e 80 com Warhol. "Andy gostava tanto da fama que fazia com que todo mundo que ele conhecia se sentisse famoso só por falar com ele", diz o amigo Philip Johnson. Acompanhe alguns destes comentários.
Vito Giallo
Também artista, Giallo comenta que, "no começo, não havia móveis em seu apartamento, literalmente nenhum móvel.
Ele e sua mãe dormiam no chão. Sua mãe também assinava seus quadros. Acho que ele gostava."
Billy Name
Billy Name era um fotógrafo que trabalhou com Warhol, bem como nos filmes do artista. "Andy quebrou o modelo do artista como herói. Ele não conseguia articular opiniões sobre arte, então ele assumiu o padrão Marcel Duchamp. Ele não era um 'culture hero', ele era um 'culture zero!'
Ronnie Cutrone
"Nós vivíamos uma coisa de couro preto, vinil, sadomasoquismo e speed. Não havia nada de flower-power naquilo", diz o artista que trabalhou com Warhol até 82.
Debbie Harry
A vocalista do Blondie diz: "acho que ele aprendeu tudo de Muhammad Ali -como voar como uma borboleta, picar como uma abelha. Claro, as pessoas que se tornaram agressivas em relação a ele nunca foram próximas. Eu nunca fui agressiva."
Julia Gruen
"Ele era um observador: ele olhava tudo e depois digeria. Daí transformava a coisa em moda, fosse numa tela, numa conversa ou em outro meio."
Christopher Makos
Makos é um dos principais parceiros de Warhol, na área de fotografia, onde funcionava como consultor. Segundo ele, trabalhar com Warhol "tinha um efeito devastador sobre sua personalidade. Era como ir para a universidade Andy Warhol".
Daniela Morera
A jornalista italiana e depois editora da "Persona" de Warhol reflete: "Andy era generoso demais. Como um grande artista, não deveria ser tão generoso. E ele era tão delicado e frágil... Talvez ele fosse péssimo e não fosse tão frágil assim, mas eu o via assim."
John Reinhold
Artista e joalheiro, Reinhold era amigo pessoal bastante próximo de Warhol.
"É tão bizarro não vê-lo mais em clubes, nos restaurantes. Às vezes entro em alguns desses lugares e espero vê-lo lá."

Livro: "Unseen Warhol"
Autores: John O'Connor e Benjamin Liu
Onde encomendar: Cultura (tel.011-285-4033) e Freebook: 011-256-0577.

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