São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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CPIs, máfias

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os escândalos, porque agora são diversos, acordados que foram pela CPI, acordadas que foram outras CPIs, entraram no estágio da histeria, do linchamento de imagem -em meio à barafunda de declarações e vazamentos.
CPIs e demais investigações ganham cobertura pelo país, com cada senador, deputado estadual ou delegado federal em espetáculo solo.
A dos precatórios "quer a quebra do sigilo por atacado", na manchete do SBT. Por atacado, a especulação avança e chega, após as "paulistinhas", às "carioquinhas". O prefeito do Rio nem bem ouve e diz à Globo que vai pedir, ele mesmo, uma CPI estadual.
Quem quer outra CPI é o presidente da CPI dos Precatórios. Quer uma só para "políticos", diz a Globo.
Por atacado, o Jornal Nacional anuncia que a CPI primeira vai pedir a quebra do sigilo, entre vários outros, de Paulo Maluf e Miguel Arraes. Apenas para dizer depois que é vaga "proposta".
Em Santa Catarina, a CPI local perde-se nos cálculos de um ex-negociador dos títulos. "Ele diz que é fácil", deu a CBN. "Mas há três horas está tentando demonstrar e os deputados não entendem."
E os delegados da PF agora desconfiam que Celso Pitta está envolvido com o caso PC. Foi o que deu a Globo.
Os escândalos se confundem e Augusto Farias, o irmão de PC Farias, surge no SBT atacando o "delírio" da PF, na vinculação com a máfia italiana.
Diz que a CPI de PC havia vazado antes uma "máfia de Arapiraca", sem provas. E no Aqui Agora um legista que não crê no crime passional era perguntado: "Foi a máfia italiana ou a máfia alagoana que matou PC Farias?"
Outras CPIs e "máfias" pelo país, do crime organizado à educação, que nada têm -por enquanto- com os escândalos, ganhavam ontem os telejornais. É tempo de buscar, como reclamou o irmão de PC, "notoriedade".

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