São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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Covas recua e inclui carro a álcool no rodízio

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas desistiu de excluir os carros a álcool do rodízio antipoluição de veículos na região metropolitana de São Paulo.
Outra novidade anunciada ontem, com o envio do projeto de lei à Assembléia Legislativa, é a diminuição do valor da multa aos caminhões que desrespeitarem a restrição de circulação.
O valor será de 14 Ufesps (R$ 111,02 este mês), o mesmo imposto aos veículos de passeio. Pela minuta do projeto inicial, a multa aos caminhões teria valor dobrado.
Em nota anexa ao projeto, Covas justifica o motivo da desistência de excluir os carros a álcool: o fato de apenas 200 mil unidades terem sido fabricadas depois de 1992 e, portanto, estarem com equipamentos que reduzem a emissão de gases poluentes.
A Folha apurou que Covas desistiu de excluir os carros a álcool depois de reunião com técnicos da Cetesb (agência ambiental paulista), na última sexta-feira.
Relatório da Cetesb revela que a proposta ignora o fato de que um carro velho a álcool pode emitir três vezes mais partículas de CO (monóxido de carbono) que um carro novo a gasolina.
Hoje, circulam cerca de 1,5 milhão de carros a álcool em São Paulo -um terço da frota total de veículos.
A idéia de excluir os carros a álcool foi sugerida a Covas na semana passada pelo ex-prefeito de Piracicaba Antonio Carlos Mendes Thame, durante encontro promovido pela Frente Parlamentar Sucroalcooleira, em Brasília.
Apesar do álcool ser um combustível renovável -diferentemente da gasolina e do diesel-, também haveria dificuldades técnicas para diferenciar os veículos no momento de autuar os infratores do rodízio.
Multas
Segundo o secretário estadual do Meio Ambiente, Fábio Feldmann, a diminuição do valor das multas para caminhões infratores foi uma decisão "técnica e jurídica".
"Este ano queremos evitar ao máximo possíveis contestações judiciais ao programa. Se mantivéssemos a multa com o dobro do valor para caminhões, facilitaríamos os pedidos de liminar para exclusão do rodízio", disse.
Outra mudança da minuta inicial do projeto foi a alteração da realização do referendo para uma consulta popular, a ser feita em um prazo de até 12 meses da promulgação da lei. O governo deve escolher uma semana para que a população se manifeste sobre o rodízio, por meio das urnas.
O funcionamento do programa é semelhante ao realizado em agosto do ano passado, mas prevê um período de duração maior: pelo projeto, o governo fica permanentemente autorizado a implantar o rodízio entre maio e setembro.
Às segundas-feiras, ficarão proibidos de circular carros com final de placa 1 e 2. Às terças, com final de placa 3 e 4, e assim por diante. O objetivo é reduzir 20% a circulação de veículos a cada dia, aliviando o trânsito e a poluição.
Uma proposta que está sendo estudada, mas que só será regulamentada por decreto de Covas depois de aprovação do projeto de lei pelos deputados estaduais, é a alteração semanal dos finais de placa.
A cada semana, o governo alteraria a ordem de restrição de circulação, para que os carros que ficam impedidos de circular às segundas e sextas-feiras não tenham o final de semana prejudicado por causa do rodízio.
Há três outros projetos que instituem o rodízio tramitando na Assembléia, mas a Folha apurou que os deputados devem privilegiar o programa do governo, tentando adaptar suas propostas com a inclusão de emendas.

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