São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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Caso Bodega tem mais 2 inquéritos

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Civil abriu mais dois inquéritos para apurar a prisão ilegal de um adolescente e a invasão de casas sem mandado judicial que teriam ocorrido durante a investigação feita pelo 15º DP no caso do bar Bodega.
Em agosto de 1996, a estudante Adriana Ciola e o dentista José Renato Tahan foram mortos por assaltantes no bar, em Moema (zona sul de SP).
Na época, o 15º DP prendeu nove inocentes, dos quais três confessaram o crime. Sob a suspeita de que as confissões foram obtidas sob tortura, o grupo foi libertado.
Só então a Divisão de Homicídios prendeu seis outros acusados, dos quais quatro já foram condenados. A sentença da Justiça acusa o 15º DP de usar métodos medievais para extorquir as confissões.
Na semana passada, a corregedoria concluiu o inquérito sobre a tortura dos inocentes. Três investigadores foram indiciados no caso. São eles: Alexandre Ferreira Victal, o Bahia, José Eduardo Almeida, o Marcelo, e Alberto Sérgio Castro Fernandes. Eles negam as acusações.
"Só foram indiciados os policiais que eram acusados por mais de uma pessoa", disse o delegado Roberto Maurício Genofre, diretor da corregedoria.
Outros 17 policiais haviam sido reconhecidos por testemunhas e vítimas como envolvidos em ilegalidades no caso. "O Ministério Público analisará o inquérito e decidirá se outros acusados serão denunciados", disse Genofre.
Segundo ele, a decisão de abrir dois novos inquéritos foi tomada após a investigação constatar a existência de outros crimes além da tortura. "Prenderam e invadiram casas sem mandado judicial. Em tese, há abuso de poder", disse.
O 15º DP é acusado pela prisão ilegal do adolescente E.S.C., 17. Ele teria ficado preso no distrito quatro dias sem ordem judicial.
"A responsabilidade pela permanência do menor ilegalmente no distrito policial seria, em tese, do delegado-titular ou do assistente", afirmou Genofre.
Os delegados João Lopes Filho, então titular do 15º DP, e José Eduardo Jorge, então assistente, negam que E.S.C tenha permanecido preso a fim de que indicasse os autores do crime do Bodega.
E.S.C. reconheceu o investigador Victal como o homem que o teria agredido no 15º DP e disse ter conversado com o carcereiro Antônio Barbosa dos Santos.

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