São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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Chineses são mortos após tortura em SP

DA REPORTAGEM LOCAL; DA FT

Dois chineses foram torturados e assassinados a facadas em São Paulo.
O crime aconteceu às 23h30 de terça-feira, em um sobrado da rua Capibaribe, Jardim Aeroporto (zona sul).
Até a tarde de ontem, a polícia havia divulgado apenas a nacionalidade das vítimas. Os nomes eram mantidos em sigilo.
Segundo a polícia, os dois chineses estavam no segundo andar da casa. Um deles estava no banheiro e o outro, no quarto.
"Ambos estavam com os pés amarrados, as mãos algemadas, a cabeça coberta com saco plástico e tinham a garganta cortada a faca", afirmou o delegado Ricardo Maluly, da equipe C-Sul da Divisão de Homicídios.
"Os sinais mostram que os dois apanharam bastante antes de morrer", afirmou.
Um dos chineses aparentava ter 27 anos. O outro tinha cerca de 30.
Foram apreendidos na casa documentos em nome de quatro pessoas: Sun Chagzhong, Jun Shiping, Sun Zhaoyang e Yeng Yaming.
A polícia não sabe se algum dos documentos pertencia às vítimas.
Tortura
A polícia informou que os chineses eram donos de um restaurante na zona sul de São Paulo e estavam morando na cidade havia cerca de três meses.
Mas várias caixas de produtos eletrônicos que estavam na sala não foram tocadas pelas pessoas que mataram os chineses.
"A primeira impressão é que os assassinos estavam interessados em objetos pessoais das vítimas, e não em objetos de valor", afirmou o delegado.
Na opinião da polícia, eles devem ter sido torturados para entregar algum documento. Como não entregaram, acabaram assassinados.
Consulado
Vizinhos da casa disseram à polícia que os dois chineses moravam sozinhos, mas recebiam muitas pessoas. A última vez que eles foram vistos foi às 16h de terça-feira, quando chegaram acompanhados de dois homens em um Fiat Elba cinza.
Os dois homens deixaram a casa por volta das 19h, no Fiat Elba, que pertenceria a um dos chineses.
O carro do outro chinês, um Monza azul, foi deixado na garagem da casa.
Os corpos dos chineses foram encontrados pela Polícia Militar por volta das 23h30.
Os policiais foram chamados por um amigo dos chineses, que tinha um encontro com eles, mas não conseguiu entrar na casa.
Na madrugada, um funcionário do consulado da China esteve na casa. Ele confirmou que as vítimas tinham passaporte chinês, mas não quis dar entrevistas.

Colaborou a FT

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