São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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PM é preso em depoimento à CPI

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O capitão da Polícia Militar Cleodir Fioravante Nardo foi preso ontem à tarde durante depoimento à CPI do Crime Organizado da Assembléia Legislativa de São Paulo.
Segundo o relator da CPI, deputado Elói Pietá (PT), Nardo seria proprietário de um desmanche de caminhões roubados.
"Durante o depoimento foram apresentadas várias provas do envolvimento do capitão com o crime organizado. Como ele caiu várias vezes em contradição e faltou com a verdade, a CPI resolveu prendê-lo", afirmou Pietá.
A voz de prisão foi dada pelo deputado Afanásio Jazadji (PFL), que preside a comissão.
Nardo, que trabalha no 2º Batalhão de Choque, foi retirado do plenário pela assessoria militar da Assembléia. Por volta das 14h30, ele foi levado à Corregedoria da PM. Ele ficará preso quatro dias, de acordo com o artigo 36 do código disciplinar da PM. A prisão pode ser prorrogada por mais quatro.
Denúncia
O envolvimento do capitão com o desmanche de caminhões foi denunciado à CPI em outubro de 96, quando um caminhão roubado foi encontrado dentro da Recuperadora de Cabines e Peças Scan-Dutra, em Guarulhos (Grande SP).
O capitão teria se apresentado aos PMs que estavam no local e pedido que eles tirassem o caminhão do desmanche. O pedido foi negado e os soldados o denunciaram.
A CPI conseguiu a quebra do sigilo bancário do capitão e da empresa e chegou à conclusão que ele era proprietário do desmanche.
Segundo Pietá, Nardo, que tem salário de R$ 3.700, movimentava cerca de R$ 140 mil por mês em sua conta bancária. "Além disso, ele utilizava seu cargo e as dependências da PM para fazer atividades criminosas", disse Pietá.
A CPI também conseguiu cópias de ofícios enviados por Nardo à Scania, onde pedia segundas vias de plaquetas identificadoras de chassis, que seriam usadas na adulteração de carretas roubadas.
Nardo estaria envolvido em fraudes contra seguradoras. Segundo Pietá, ele recebeu seguros de nove carros roubados. A CPI acha que ele vendeu esses carros a desmanches. O capitão Nardo negou envolvimento com desmanche de caminhões roubados. Ele afirmou ter um relacionamento "profissional" com a Scan-Dutra.
"Compro cheques pré-datados dessa empresa. Por isso aparecem tantos cheques em minha conta."

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