São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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Filarmônica de Nova York volta ao Brasil

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

A Orquestra Filarmônica de Nova York, sob o comando do maestro Kurt Masur, vai se apresentar nos dias 16, 17 e 18 de junho no Teatro Municipal de São Paulo e no dia 19 no Municipal do Rio. Será a quinta visita da mais antiga orquestra sinfônica do hemisfério ao Brasil.
Masur, que está completando 70 anos, já esteve no país dez vezes. Em 74, quando era regente convidado da OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira), ele conheceu sua atual mulher, a japonesa Tomoko Sakurai, que tocava viola na OSB.
"Os músicos trabalhavam muito para atingir um alto nível artístico, apesar das enormes dificuldades que enfrentavam. Quando amam o seu maestro, os músicos brasileiros são capazes de tocar como anjos", disse ele à Folha, recordando seu período na OSB.
Apesar de sua simpatia pelo Brasil, Masur não selecionou nenhuma composição de autores brasileiros para o repertório da Filarmônica na excursão de junho. O que de mais próximo do Brasil as platéias brasileiras ouvirão serão as "Impressioni Brasiliane", do italiano Ottorino Respighi (1879-1936).
Respighi escreveu esse trabalho em 1927, após uma longa visita ao Brasil, e o estreou no Rio no ano seguinte. A suíte se divide em três movimentos: "Noite Tropical", "Butantan" (inspirado por uma visita do autor ao Instituto Butantan, em São Paulo) e "Canção e Dança" (a partir de músicas do Carnaval carioca).
Masur, que já regeu trabalhos de Villa-Lobos e Guerra Peixe, se diz um grande admirador da música folclórica e popular do Brasil: "O samba é a música com maior força em todo o mundo. Acho que a música popular no Brasil já tem uma expressão tamanha para a sociedade que não precisa tanto do clássico. Um samba pode valer tanto quanto um Beethoven".
Além de Respighi, o programa da Filarmônica no Brasil terá dois trechos de Richard Wagner (1813-1883), a abertura da ópera "Tanhauser" e o prelúdio do primeiro ato de "Die Meistersinger"; dois trabalhos curtos de Pyotr Tchaikovsky (1840-1893), a fantasia-abertura "Romeu e Julieta" e as "Variações em Rococó" para cello (com o solista Carter Brey); uma adaptação sinfônica da ópera "Porgy and Bess", de George Gershwin (1898-1937); o "Concerto para Cordas e Metais" de Paul Hindemith (1895-1963); o concerto "Renascença" para flauta e orquestra (com a solista Jeanne Baxtresser), de Lukas Foss (1922-); a suíte sinfônica "Sheherazade", de Rimsky-Korsakov (1844-1908) e a "Sinfonia Nº 3" de Anton Bruckner (1824-1896).
Masur e os músicos da orquestra dizem estar disponíveis para encontros com músicos e estudantes brasileiros durante sua visita. O maestro, que está em Nova York desde 91, após 26 anos à frente da Orquestra Gewandhaus de Leipzig, na Alemanha, afirma ter feito sua escolha de repertório com o objetivo de deixar satisfeitas as platéias que visitar.
Para isso, escolheu algumas peças com elementos contemporâneos ("Porgy and Bess", que ele diz que o faz lembrar de "Orfeu Negro", e os concertos de Hindemith e Foss, de inspiração jazzística), outras tradicionais (como Wagner, Tchaikovsky e Rimsky-Korsakov) e uma um pouco difícil (Bruckner).
A excursão de junho, que inclui Porto Rico, México, Chile e Argentina, além de Brasil, é patrocinada pelo Citibank, como foram as mais recentes idas da Filarmônica à América Latina (em 82 e 87, com Zubin Mehta, e em 1992, com Masur). A primeira visita da orquestra ao Brasil aconteceu em 58, sob o comando de Leonard Bernstein.

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