São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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Rússia enfrenta dia de protesto nacional

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Rússia, Boris Ieltsin, fez ontem uma nova etapa da reforma em seu gabinete e continuou fortalecendo os liberais.
Ontem foram apresentados cargos menos importantes -Ievguêni Iasin se mantém como ministro sem pasta encarregado de coordenar a política econômica; Alexei Kudrin se torna vice-ministro das Finanças; Anatoli Kulikov (um contraponto conservador) permanece como ministro do Interior, responsável por alfândegas.
Ieltsin escolheu um momento importante para anunciar a nova etapa da reforma: acontece hoje um dia de protestos nacionais contra o estado da economia.
O primeiro-ministro russo, Viktor Tchernomirdin, pediu calma e prometeu pagar salários atrasados, a principal reivindicação. "Não podemos nos levar pela emoção e provocações. Isso não resolve nada", disse.
Salários
Tchernomirdin garantiu que os setores público e privado vão pagar em março 11,8 trilhões de rublos (cerca de US$ 2 bilhões) em salários atrasados.
Ele não explicou de onde o dinheiro sairia, mas ficou claro que essa quantia não será suficiente, pois o governo admite que há cerca de 48 trilhões de rublos (US$ 9 bilhões) em salários atrasados.
Tchernomirdin disse que a principal meta do novo gabinete é o crescimento econômico e a retomada dos investimentos. No começo do mês, Ieltsin determinou que o premiê preparasse um novo gabinete após dizer que os ministros eram incompetentes e admitir o colapso da economia russa.
O vice-premiê Boris Nemtsov, ultra-reformista recém-incorporado ao gabinete, disse que o governo vai cortar gastos. Ele não admitiu isso, mas a medida, em tese, pode incluir não pagar os salários atrasados. Como primeira providência, Nemtsov determinou que o governo não vai mais comprar carros importados.
Protestos As centrais sindicais russas disseram que vão levar 20 milhões às ruas, hoje. Os protestos nacionais anteriores fracassaram. Viktor Anpilov, líder da facção ultracomunista Rússia Proletária, previu uma jornada "calma e pacífica". Ele pediu a seus militantes que não provoquem tumultos.
Tchernomirdin disse que o governo tem informação de que haverá distúrbios. Os serviços de segurança do país, com 8.500 homens, estão em alerta.
Blindados foram colocados nos arredores de Moscou, pela primeira vez desde outubro de 1993. Naquela ocasião, Boris Ieltsin dissolveu o Parlamento opositor e ordenou seu bombardeio.

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