São Paulo, sábado, 29 de março de 1997
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Policial atira em garota por causa de fechada

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A auxiliar administrativa Andréa Ellerkmann Sanches, 20, foi baleada por causa de uma fechada no trânsito e estava internada em estado crítico, até as 19h de ontem, no Hospital Municipal Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo.
O crime ocorreu à 1h30 de ontem, na esquina da avenida Marechal Tito com o largo Silva Telles, em Itaim Paulista, onde morava Andréa, e teve origem numa ocorrência de trânsito banal.
Ela teve o pulmão e artérias do coração perfurados por um tiro disparado pelo carcereiro Fortunato Domingos de Almeida, 28, que trabalha no cadeião de Pinheiros. Almeida foi detido por policiais militares e conduzido até o 22º DP (São Miguel), onde foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio.
Almeida era passageiro da perua Towner azul dirigida por Wladimir Pereira Perez, que bateu na traseira do Passat conduzido pelo carcereiro Marcílio Jorge Guindalini, amigo de Almeida.
Segundo Almeida, a Towner foi fechada pelo Uno preto de Adriano Leite Schirm, 20, em que Andréa ocupava o banco traseiro. O namorado dela, Evandro Pereira Amorim, 21, também estava no carro.
A suposta fechada teria provocado a batida, segundo Almeida. Imediatamente após o acidente, ele mandou Wladimir perseguir o Uno, alcançado metros adiante, na avenida Marechal Tito.
Segundo a polícia, Almeida efetuou seis tiros na direção do carro onde estava Andréa. Três tiros atingiram o carro. Um deles atingiu o porta-malas do Uno, atravessou a lataria, o banco traseiro e se alojou no tórax de Andréa.
A bala não havia sido extraída até as 19h de ontem. O hospital Tide Setúbal não conta com UTI, somente com setor de emergência. Segundo familiares da vítima, outras três pessoas ocupavam o quarto onde ela estava.
"A Andréa está muito mal. Só Deus vai salvar", disse o comerciante Miguel Sanches, 52, pai da vítima. O irmão de Andréa, Robson Sanches, 27, chorava após ter visto a irmã e gritava: "Deviam trazer aquele animal (Almeida) aqui para ver como ela está."
Segundo Luiza Bueno Amorim, mãe de Evandro, os três amigos retornavam de um bar no Tatuapé. "Adriano já havia deixado a namorada dele em casa e levava Andréa e Evandro", contou.
Os três já estavam próximos da casa da vítima quando houve a perseguição e os tiros. "Pensei que fosse um assalto, quando vi o cara atirando, mandei o Adriano correr", contou Evandro, que namora Andréa há cerca de um mês.
"Ele e o Adriano ficaram tão desesperados que nem pensaram em chamar o resgate", disse Luíza.

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