São Paulo, sábado, 29 de março de 1997
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Ajuste dos bancos continua, diz Setubal

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A intervenção do Banco Central no Bamerindus encerrou o período mais difícil da banca privada nacional, mas o ajuste do setor financeiro ainda não acabou.
Virou fato o boato recorrente sobre a quebra do "Trio BEN" (Bamerindus, Econômico e Nacional), que desde o início do Real incomodava o mercado financeiro.
Mas ainda está para ser resolvido de vez o problema dos bancos estaduais e o de pequenas e médias instituições privadas que ainda não se ajustaram à estabilidade.
"Com a solução do Bamerindus, não há mais nenhum grande caso a ser resolvido no sistema bancário privado, só restam alguns problemas pontuais, sem impacto no mercado", avalia Roberto Setubal, presidente do Banco Itaú. "Mas os bancos estaduais ainda estão sem solução definitiva".
Concorda com ele Paulo Guilherme Monteiro Lobato Ribeiro, presidente do Banco Real.
"Não se pode mais falar em crise do sistema bancário. Na segunda-feira, todos os correntistas do HSBC Bamerindus e dos outros bancos vão estar tranquilos. Mas ainda teremos ajustes fortes de todo o setor nos próximos anos", avalia Ribeiro.
Um acordo de intenções entre o governo federal e o paulista já foi assinado e a instituição -quebrada desde o final de 94 com uma dívida de R$ 21 bilhões do próprio Estado- deve ser federalizada e, depois, privatizada.
Outros bancos estaduais problemáticos, como Banerj (RJ), Beron (RO) e Credireal (MG), esperam na fila. A privatização do Banerj empacou com as ações judiciais contra a venda e pelo desinteresse dos grandes bancos em comprá-lo.
Para Setubal e Ribeiro, a privatização dos bancos estaduais é difícil, mas inevitável. E vai dar um novo choque de concorrência no mercado, com a entrada de novos bancos internacionais.
"Os estaduais podem ser a porta de entrada de outros bancos estrangeiros", aposta Ribeiro.
"A entrada do HSBC no país vai aumentar a competição entre os bancos e a privatização dos estaduais vai causar um reposicionamento dos bancos no mercado", disse o presidente do Itaú.
Setubal é vice-presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos) e deve assumir a presidência da entidade no lugar de Maurício Schulman, ex-presidente do conselho de administração do Bamerindus. Segundo Setubal, a questão ainda não foi discutida.
"Não conversei com ninguém , só na segunda-feira vamos resolver isso", confirmou Schulman.
Para o presidente do Real, a condução de Setubal à presidência da Febraban é "natural". Outro candidato ao posto seria o segundo vice-presidente da Febraban, José Afonso Sancho, do pequeno Banfort, de Fortaleza (CE).

LEIA MAIS sobre o Bamerindus na pág. 2-7

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