São Paulo, sábado, 29 de março de 1997 |
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O politicamente correto chega aos esportes
MATINAS SUZUKI JR.
"Thomas Jefferson ficaria orgulhoso desse passe do Crotty. Quando Jefferson estava vivo, o basquete não havia sido inventado ainda, mas aqueles escravos trabalhando nas fazenda de Thomas Jefferson, eu estou seguro de que poderiam se tornar ótimos jogadores de basquete". O passe foi dado pelo jogador branco do time de basquete de Miami, John Crotty, para o seu companheiro negro Keith Askins. Crotty veio do estado da Virgínia, fundado por Thomas Jefferson. A frase do locutor de Miami, que se chama David Halberstan, foi considerada racista e chocou os jogadores do Heat. Na sexta da semana passada, antes do novo jogo do Heat, Halberstan pediu desculpas. Isso não o isentou da multa de US$ 2.500,00, aplicada pelo "mananger" da NBA, David Stern. * Já o técnico dos Nets, John Calipari, levou uma multa recorde, dez vezes mais salgada do que a do locutor de Miami: US$ 25 mil. Ele chamou o repórter do jornal "The Star-Ledger", de Newark, aqui pertinho de Nova York, de "mexicano idiota". Calipari, como o locutor de Miami, teve que pedir desculpas oficiais ao jornalista. Detalhe que pesou na fixação do preço das duas multas: o salário do locutor é baixo, enquanto John Calipari já assinou um contrato de US$ 15 milhões para ser técnico e vice-presidente de operações dos Nets por cinco anos. * É importante que o racismo seja combatido dentro e fora do esporte. No caso da NBA, como se viu, ele foi punido de maneira rápida e pública, além da aplicação de multas. É também impressionante o grau de organização da NBA, que não passa de um sistema de franquias, na gestão desse esporte em todos os seus detalhes. Mas, aqui, como entre tantos outros casos, é preciso ficar vigilante quanto aos excessos do politicamente correto. Se a sentença contra o locutor for levada a extremos, a liberdade de expressão pode ficar seriamente ameaçada. Além disso, ao multar o locutor, a NBA o condenou -em um caso que seria tipicamente da alçada da Justiça. Se você tem dúvida, veja o filme "O Povo Contra Larry Flint", em cartaz aí no Brasil. * Sábado é dia de seleção dos elegantes. Aí vai a do chic da publicidade, o corintiano Washington Olivetto: Lev Iashin (russo, o aranha vermelha, aquele que não caía à toa), Carlos Alberto (até agora uma unanimidade), Mauro Ramos, Djalma Dias (novidade na lista, indicada pelo Olivetto) e o clássico Nilton Santos; Franz Beckenbauer, Falcão (duas unanimidades, também), Didi e Johann Cruyff (que aparece em quase todas as listas). No ataque, o doutor Sócrates (que também entrou na lista do Falcão) e, escolha surpreendente, Michel Platini, o francês que ganhou tudo quando jogava pela Juventus, de Turim. Texto Anterior: Briatore assume o papel de mecenas da categoria Próximo Texto: Anteontem Índice |
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