São Paulo, sábado, 29 de março de 1997
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A CPI e o governo

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Enquanto a CPI dos Precatórios caminha para o final, o ministro de Assuntos Políticos, Luiz Carlos Santos, forma suas convicções sobre os resultados da investigação. Pelas suas palavras, o Planalto parece -apenas parece- vender tranquilidade.
Acompanhe os pensamentos do ministro que despacha diariamente com Fernando Henrique Cardoso:
1) Efeito didático: "A CPI, até aqui, teve um papel didático excelente. Mostrou o que estava acontecendo e preveniu sobre o que poderia vir a acontecer com esses títulos públicos para pagar precatórios. Isso foi muito positivo".
2) Impunidade: "Infelizmente, a sensação de impunidade continuará a existir. Pois não depende só da CPI a punição de todos os culpados. Isso é tarefa para outras instâncias, e nem sempre as leis no país estão adequadas a uma situação que seria ideal".
3) Modelo errado de país: "O que tem de ficar claro é que o modelo do país, durante muito tempo, esteve errado. Quem é que não sabia que o mercado financeiro era viciado? E que as campanhas políticas não são transparentes? O problema é que a mudança disso é sempre gradual, e as pessoas muitas vezes não entendem".
4) Outras CPIs: "Acho que a CPI atual vai propor um relatório corretivo para os erros que encontrou no sistema financeiro. Mas não acho que seja necessário criar uma CPI para tudo que estiver errado no país".
Em resumo, é isso o que pensa o realista Luiz Carlos Santos. Ninguém deve esperar nem mais nem menos do que aquilo que a CPI fez até agora.
O ministro de Assuntos Políticos também recomenda prudência em relação à expectativa de punições exemplares. "Você não pode imaginar no Brasil um grande banqueiro algemado e indo preso, como nos EUA", diz.
Não que o ministro seja contra punições. Diz estar apenas constatando uma realidade. Depois, termina com o popular bordão do governo FHC: "Mudanças reais e profundas virão com as outras reformas propostas ao Congresso e a toda a sociedade".

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