São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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Mortalidade infantil caiu no NE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os agentes comunitários surgiram em 91 e -em menos de cinco anos- conseguiram reverter dois dos principais problemas de saúde do Nordeste.
A taxa de mortalidade infantil na região sofreu redução de 20% desde junho de 1994. E o índice de crianças subnutridas até cinco anos caiu 35,9% entre 86 e 96.
A ação dos agentes já começa a dar frutos até na educação. No Ceará, o número de alunos matriculadas em escolas de 1º grau cresceu 16,3% de 95 para 96.
O feito -a entrada na rede de ensino de 229,4 mil crianças e adolescentes- é inédito. A autoria do "milagre" também é creditada aos agentes.
O salário dos agentes comunitários varia entre R$ 112 e R$ 280. Eles são recrutados dentro da própria comunidade em que vão atuar e não precisam ter conhecimentos prévios na área de saúde, basta que saibam ler e escrever, além de ter mais de 18 anos.
A seleção é dividida em duas partes e foge dos moldes dos concursos públicos tradicionais porque só podem se candidatar pessoas que moram há pelo menos dois anos na comunidade em que o programa será implantado.
"O programa exige que os agentes morem na comunidade. E isso inviabiliza a realização de concursos públicos, porque as vagas teriam de ser abertas a pessoas de todas as partes do país", diz Heloísa.
A primeira parte da seleção é uma prova escrita em que os candidatos respondem como agiriam em situações que enfrentarão na prática. Por exemplo: o que fazer ao encontrar uma rua em que o esgoto corre a céu aberto.
Se forem aprovados, fazem entrevistas individuais para que seja avaliada a habilidade que têm em se relacionar com as pessoas.
"O objetivo não é medir conhecimentos técnicos, mas a percepção que o candidato a agente tem dos problemas de saúde de sua comunidade", afirma Heloísa.
Associações comunitárias
A forma encontrada para garantir que só seriam contratadas pessoas da comunidade foi criar associações comunitárias que substituem a prefeitura no papel de empregadora.
Como não há concurso público, os agentes não são funcionários da prefeitura, embora o pagamento seja feito pelos municípios com verba repassada pela União.
A não-vinculação também facilita a demissão no caso de eles não estarem rendendo o que deveriam.
"Se o agente não responder às expectativas, pode ser substituído. Ser selecionado não é garantia de emprego para sempre. Ele estará sempre sendo avaliado pelo enfermeiro que coordena seu grupo", diz Heloísa.

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