São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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Tanque de guerra volta à ativa em paintball

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há quem colecione selos ou moedas, mas Francisco Barcellos optou por tanques de guerra. Ele comprou 43 blindados da Segunda Guerra vendidos pelo Exército.
Os tanques podem até voltar a atirar com balas de tintas. Barcellos tem planos de criar um paintball usando seus veículos.
Como quase todos os carros eram do mesmo modelo -o tanque leve norte-americano M-3 Stuart-, Barcellos também se tornou um fornecedor desses blindados para colecionadores e museus.
Ironicamente, o país que produziu milhares de M-3 (e variantes M-3A1, M-3A3 etc) sucateou quase todos. Dois museus militares dos EUA compraram M-3 dele.
Ele pode ser o maior colecionador de Stuarts do mundo -apesar de ter vendido onze aos EUA.
O Exército vende tanques obsoletos como ferro velho. Cada M-3 custou menos de R$ 1.500,00. Seria uma boa opção de carro popular se não fosse a inversão da equação de consumo; o dono de um tanque não pergunta quantos quilômetros ele faz com um litro, mas quantos litros serão necessários para cada quilômetro.
O motivo da coleção é simples: "Desde pequeno me interesso por isso, quando era criança eu colecionava soldadinhos de chumbo."
Ele mantém sua coleção em Itupeva, perto de Jundiaí (SP). Além dos M-3 (o Exército recebeu 250 tanques M-3), há um tanque médio M-4A3 Sherman e dois carros blindados M-8 (único modelo usado pela FEB, Força Expedicionária Brasileira, na Itália em 1944-45).
Boa parte da frota de Barcellos enferruja ao ar livre. Ele não se preocupa, pois retirou os equipamentos mais sensíveis -como os periscópios- e porque criou um estoque de peças sobressalentes.
O paintball precisaria de tecnologia, que já existe. Em vez da granada original calibre 37 mm, o canhão usa bala de borracha cheia de tinta impulsionada por cartucho de espingarda. O modelo, criado por um empregado de Barcellos, Antonio Bissoli, já foi patenteado.
A bala faria um estrago letal em um corpo humano, mas não afetaria a blindagem de um tanque. Barcellos diz que seu paintball seria seguro, pois ninguém poria a cabeça para fora do tanque.
Cada blindado teria quatro tripulantes, dois funcionários e dois clientes. Um funcionário dirigiria e outro faria o municiamento.
Um dos fregueses seria o artilheiro, apertando o botão de disparo e outro seria o comandante, dando ordens sobre onde ir e em quem atirar, como em um tanque em um combate de verdade.

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