São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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Banqueiros nacionais afiam as garras

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Bradesco e Itaú, os dois maiores bancos privados do país, reconhecem que o mercado bancário brasileiro não será mais o mesmo após a entrada do HSBC, um dos maiores do mundo, novo dono da "parte boa" do Bamerindus.
Agora, mais do que nunca, a palavra de ordem da banca nacional é investir para competir na globalização do mercado financeiro de varejo, voltado para o grande público. Reconhecer a força do novo adversário é o primeiro passo dos banqueiros locais para vencer uma guerra que apenas começou.
"A abertura internacional veio forte. Vamos aguçar as nossas unhas", diz Lázaro de Mello Brandão, presidente do Bradesco. "O HSBC é um mastodonte no sentido de força financeira e tem uma habilitação inquestionável para competir no mercado brasileiro."
O HSBC tem sede em Londres e ativos de US$ 402 bilhões, que o tornam o segundo maior grupo financeiro do planeta.
"A entrada de um banco dessa categoria vai aumentar a concorrência no varejo. A competição estrangeira é bem-vinda e vai mudar a cara do mercado brasileiro em três ou quatro anos", aposta Roberto Setubal, presidente do Itaú.
Fôlego
O novo HSBC Bamerindus, formado pelos ativos bons do banco paranaense e uma rede de 1.206 agências (4.652 pontos de atendimento), quer crescer mais ainda e pode até comprar outros bancos locais, segundo o presidente da instituição, Michael Geoghegan.
"Respeitamos os competidores locais e esperamos melhorar o nível de atendimento do mercado com nossos serviços financeiros globais", diz Geoghegan.
É o que espera o Banco Real, um dos cinco grandes privados.
'A globalização torna tudo mais competitivo. Já concorríamos com os estrangeiros no mercado de atacado (grandes empresas e operações internacionais) e agora teremos de ser mais eficientes ainda no varejo", reconhece Paulo Guilherme Monteiro Lobato Ribeiro, presidente do Real.
O presidente do Bradesco acha que o banco está preparado para a concorrência. A estratégia será o lançamento de novos serviços para o grande público, aumentando o atendimento remoto (por telefone e por computador pessoal).
"Estamos procurando desburocratizar os serviços no varejo, evitando cada vez mais a ida do cliente ao guichê", diz Brandão.
Para o Itaú, o impacto da concorrência externa vai levar algum tempo para forçar a redução de tarifas locais e o aperfeiçoamento dos serviços.
"A queda das tarifas acontecerá ao longo do tempo, não de um dia para outro", afirma Setubal. "Há anos nos preparamos para a queda da inflação e agora vamos mudar ainda mais."
Além do HSBC Bamerindus, ele lembra que outros gigantes estão chegando ao mercado para competir, como o banco espanhol Santander, que comprou metade do Banco Geral do Comércio.
Acrescente-se à lista o francês Societé Genérale de France, que adquiriu 100% do Banco Sogeral. E os bancos Citibank e Boston, lembra Setubal, têm autorizações para ampliar sua rede de agências.

LEIA MAIS sobre bancos nas págs. 2-3 e 2-8

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