São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

As informações de Nahoum

LUÍS NASSIF

Para que não se avancem em especulações, é importante que se esclareça mais uma vez o conteúdo da conversa mantida por Fábio Nahoum com dois senadores da CPI dos Precatórios -o relator Roberto Requião e José Serra- e testemunhada por mim e pela jornalista Mônica Bérgamo, da TV Bandeirantes. No encontro, Nahoum dá informações e permite deduções.
Objetivamente, deu as seguintes informações:
1) Wagner Ramos se vangloriava com ele de despachar diretamente com o prefeito Paulo Maluf, inclusive em assuntos relacionados com os precatórios.
2) Ramos declarou a ele que o senador Gilberto Miranda foi muito habilidoso ao criar o precedente no Senado, que permitiu aumentar o valor dos precatórios para a emissão de dívida.
O nível de informações termina aí. Ramos podia estar mentindo? O próprio Nahoum pode estar mentindo? É aí que entra a investigação jornalística e da própria CPI.
Segue-se o nível das deduções.
Perguntado se considerava que Ramos negociava com Pitta, respondeu que achava que não. Disse que, pelas conversas de Wagner, deduzia que as negociações eram feitas diretamente com Maluf.
Indagado pelo senador Serra se daria essa declaração em juízo, Nahoum foi claro em dizer que não, que era apenas uma dedução e fez questão de enfatizar que, no âmbito da prefeitura, seu nível de conhecimento terminava em Wagner.
Nahoum deduziu que empreiteiros poderiam ter pago o esquema, nas cidades paulistas para as quais a operação foi oferecida, a partir da leitura do próprio depoimento do secretário das Finanças de Osasco à CPI, e não a partir de informações pessoais.
Em relação às negociações com títulos, insistiu que seu nível de informação terminava após a primeira venda de títulos.
Conexão paranaense
Ao contrário do que a coluna pode ter dado a entender, Nahoum não mencionou os personagens Fausto Solano Pereira, da corretora Boa Safra, e Mário Celso Petraglia, da Inepar, de Curitiba.
Eles foram citados pelo senador Requião. Nahoum limitou-se a demonstrar surpresa e alívio, por entender que Requião já dispunha de informações suficientes para perceber que ele, Nahoum, era um personagem menor da história.
Sua versão segue uma linha de defesa clara, que o situa exclusivamente como corretor de uma operação, que não sabia e nem tinha responsabilidade sobre o que acontecia antes ou depois.
Pode ser que, com o tempo, agregue mais informações. Na reunião, foi o máximo que avançou.

E-mail: lnassif@uol.com.br

Texto Anterior: Saiba declarar compra de imóveis
Próximo Texto: Governo espera que bancos voltem a priorizar crédito
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.