São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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Telecomunicações criam novo profissional

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A profissão que deve ganhar mercado de trabalho nos próximos anos tem um nome estranho: tecnólogo em telecomunicações, espécie de intermediário entre técnico e engenheiro.
A concorrência que a privatização deve gerar no setor de telecomunicações está fazendo com que o mercado comece a se virar para encontrar bons profissionais.
Ainda sem regulamentação e com apenas um único curso superior no Estado de São Paulo (leia texto ao lado), lançado em 1995, o tecnólogo lida com instalação e operação de equipamentos de telefonia, rádio e TV paga, entre outros sistemas, incluindo Internet, a rede mundial de computadores.
Daí a necessidade de identidade de quem pretende trabalhar no setor com informática.
A estimativa é que, nos próximos cinco anos, haja um investimento em torno de R$ 80 bilhões no setor. Mas especialistas ainda acham que o profissional está por ser descoberto pelo mercado.
"É preciso fazer divulgação junto aos órgãos de classe, pois esses tecnólogos já estão surgindo no mercado", diz Ovandir Alfredo Ramos, 43, que trabalha na Telesp Celular e também coordena o curso da Unicid (Universidade Cidade de São Paulo).
Mas como fica o salário de uma profissão tão nova? Embora a resposta seja difícil, a estimativa é que ele fique também em um patamar intermediário em relação aos técnicos -que ganham, em média, R$ 800- e engenheiros -que recebem R$ 2.200 em início de carreira, aproximadamente.
As mulheres que pretendem ingressar nesse mercado de trabalho devem se preparar -a grande maioria dos tecnólogos é formada por homens -cerca de 90%.
Mas as que já estão no setor garantem que não deixam nada a desejar para os rapazes.
"O curso é bem 'light'. O problema é que a profissão é pouco conhecida", diz Raquel de Souza, 29, que trabalha há 12 anos na KHS, multinacional alemã.
"Estou investindo para ter maior poder de decisão e não depender tanto do pessoal de suporte", diz a primeiranista.
Amélia de Campos Bueno, 28, está se formando neste ano, mas já trabalha na área, na Ericsson Telecomunicações.
"Hoje sou uma especialista. Com o curso, pretendo chegar a projetista", diz a estudante, que está atuando na área de telefonia celular. Assim, a remuneração também deve melhorar.
"O mercado vai estourar com a privatização", aposta José Salum Neto, 46, diretor do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da universidade. É esperar para ver.

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