São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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Coluna Joyce Pascowitch

JOYCE PASCOWITCH

Pivô
Theresa Aguilar (foto) é do tipo que vai à luta. Depois de estudar quatro anos de balé clássico em Berlim -e passar mais três como bailarina do Balé Nacional de Cuba-, ela trocou o glamour dos palcos pelos morros do Rio. Mentora do projeto "Dançando para não dançar", há dois anos ela ensina o que sabe -e amplia os horizontes- de 64 crianças, de 7 a 10 anos, que vivem na Rocinha, Pavão, Pavãozinho e Cantagalo. Sob fogo cruzado dos tiroteios, ela já conseguiu emplacar 18 alunos na concorrida escola de dança Maria Olenewa, da Fundação Teatro Municipal do Rio. A esses, garante cesta básica e batalha para conseguir vale-transporte. E, de todos, exige frequência assídua.
*
O que a faz perder o passo?
Todos esses talentos do morro, jogados fora.
Quando é hora de dar um pivô?
Quando acordo, de manhã.
Quem baila na curva?
Pessoas inseguras e sem perspectivas.
O que nunca desequilibra?
A Vale -do Rio Doce-, que vale mais do que vale.
Com quem não arriscaria um contrapasso?
Com Fernando Henrique Cardoso -que está na outra ponta da corda.
O que nunca dança?
A dança -e a vodka.
O que a faz andar na ponta dos pés?
Nas nuvens? Chico Buarque.
O que merece uma rodada de baiana?
Wagner Ramos e os precatórios.
Se o corpo não acompanha ...
A mente fica insana.
Quem não merece entrar na dança de roda?
A Dolly.
Com quem dançaria um pas-de-deux?
Com Fidel Castro.
O morro tem vez?
Sempre tem vez -e o que ele fez, nunca é demais.

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