São Paulo, domingo, 30 de março de 1997 |
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Grupos estudam ocultismo na Internet
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Já há até entidades nos EUA especializadas em estudar o "ocultismo cibernético", como a Trancenet, de Nova York, que vem analisando as técnicas de convencimento usadas pelos diversos grupos religiosos que se valem dos computadores. Defensores da liberdade de expressão na Internet temem que o principal efeito do suicídio coletivo do Rancho Santa Fé venha a ser o aumento da pressão sobre a Suprema Corte para tratar esse meio de comunicação de maneira mais restritiva do que os demais. A Corte decide até julho se lei sancionada por Bill Clinton que impõe censura sobre material "indecente" acessível a menores na Internet é constitucional. Nos programas de comentários em rádio e televisão nos EUA, o caso Heaven's Gate tem sido usado com frequência como argumento de que a Internet é mais "perigosa" do que jornal, rádio ou TV e por isso não pode gozar da mesma liberdade que os outros têm. Há psicólogos defendendo a tese de que a intimidade entre o computador e o seu operador cria o clima ideal para a conversão religiosa. Por exemplo, Larry Rosen, da California State University: "As pessoas em geral estão desejosas e ansiosas para aceitar o que elas vêem na Internet". Outros dizem que os jovens são especialmente vulneráveis aos atrativos espirituais oferecidos via Internet. Como David Greenfield: "A comunicação por computador não exige qualquer habilidade social; por isso, atinge pessoas sem defesas". Ninguém sabe quantas pessoas foram recrutadas para o Heaven's Gate via Internet. Na verdade, embora a polícia não tenha idéia da abrangência do grupo, a indicação é que ele não é muito maior do que o número de suicidas. Os perigos da Internet estão sendo, sem dúvida, muito exagerados pelos que pretendem ver a censura contra esse meio legalizada. Os argumentos dos que defendem a liberdade de expressão na Internet ocupam muito menos espaço nos debates diários em rádio e TV. Eles são de mais difícil compreensão para uma sociedade moralista, conservadora e paranóica como a norte-americana. Nos programas de auditório, bons indicadores do sentimento do cidadão médio, qualquer orador que diga estar defendendo as crianças de perigos reais ou imaginários (cigarro, pornografia, fanatismo religioso) com proibições e censura ganha muito mais aplausos do que os defensores das liberdades individuais. O debate sobre a liberdade na Internet ganha nova dimensão com a tragédia dos místicos cibernéticos do Rancho Santa Fé. Próximo Texto: Mulher já previa a morte do filho Índice |
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